Denúncias de WikiLeaks incluem tortura a repórter


26/04/2011


O site WikiLeaks divulgou na noite de domingo, dia 24, uma série de documentos secretos do Pentágono que revelam que o Governo dos Estados Unidos usou a prisão de Guantánamo ilegalmente para obter informações de seus reclusos, independentemente do fato de serem suspeitos ou não.
 
Os mais de 700 documentos do Pentágono apontam que pelo menos 150 dos presos em Guantánamo eram afegãos e paquistaneses inocentes, incluindo motoristas, agricultores e cozinheiros, que foram detidos durante operações de inteligência em zonas de guerra.
 
Muitos destes permaneceram presos durante anos devido a confusões de identidade ou simplesmente por terem estado no lugar errado na hora errada.
 
O cinegrafista sudanês da TV Al-Jazeera, Sami Al-Hajj, é um dos casos citados. Ele foi preso em janeiro de 2002, poucos meses após os ataques ao World Trade Center, acusado de dirigir um site com ligações ao extremismo islâmico e de ser pago pela Al-Qaeda por ter tentado entrevistar Osama bin Laden. Apesar destas acusações, o jornalista não chegou a ser formalmente incriminado.
 
Segundo as informações do WikiLeaks, al-Hajj  teria sido detido para revelar informações sobre suas fontes e o funcionamento da emissora Al-Jazeera. Ele foi solto em 2007, após iniciar uma greve de fome.
 
De acordo com os documentos vazados, os EUA criaram na prisão de Guantánamo “um sistema policial e penal sem garantias no qual só importavam duas questões: quanta informação se obteria dos presos, embora fossem inocentes, e se podiam ser perigosos no futuro”.
 
Os documentos revelam também que 130 dos 172 prisioneiros que deixaram a base de Guantánamo eram considerados “de alto risco” e uma suposta ameaça para os Estados Unidos e seus aliados.
 
O Governo Obama qualificou como “infeliz” a revelação dos documentos secretos e defendeu seus esforços e de seus antecessores por “atuar com cuidado extremo e diligência” na transferência de presos.
 
*Com informações da France Press e Folha de S.Paulo.