De olho na competição


19/04/2007


José Reinaldo Marques
20/04/2007

 

O fotógrafo santista Ivan Storti, 15 anos de profissão, se tornou um especialista em capturar imagens inusitadas de atletas em diversas modalidades. Há dez anos na Fotografia do Lance!, ele mantém seu olhar vigilante nos movimentos dos desportistas e tem-se destacado na especialidade, com imagens que são verdadeiros documentos de provas de esforço, empenho e superação em variadas competições:
— Fotografia também é arte e o papel dos repórteres-fotográficos é juntar essa arte à notícia — diz Storti, que em março fez uma exposição individual com 50 trabalhos no Espaço Cultural Tremendão, em sua cidade.

Storti lamenta que alguns jornalistas banalizem as imagens, usando-as “como tapa-buracos nos jornais”:
— Eles esquecem que muitas vezes nossas fotos acabam salvando matérias medíocres, que passariam despercebidas no jornal. É verdadeira a frase “uma imagem vale mais que mil palavras”.

Storti começou cedo, no pequeno negócio da família: um laboratório especializado em álbuns infantis.
— Comecei a brincar com as imagens, fotografava e revelava. E já então era apaixonado por esportes. No início dos anos 90, tive a oportunidade de trabalhar em um jornal de Santos que estava implantando a cor e nunca mais parei.

O repórter-fotográfico diz que no início não sofreu influência de outros profissionais, “até por não ter tido muito contato com outros fotógrafos antes de ingressar na carreira”. Quando passou a prestar mais atenção no trabalho dos colegas, descobriu, entre outros, “Paulo Pinto, Nelson Coelho, Nelson Almeida, Jorge Araújo e o eterno Sr. Fernando Santos”.
— Admiro o fotojornalismo tanto dos jornais quanto das revistas nacionais, cada veículo com a sua linguagem. Só sinto falta de mais jornais esportivos na praça. É minha paixão. Se não tivesse seguido esta carreira, teria sido atleta. 

Pauta predileta

Não dá mesmo para esconder que a pauta predileta de Ivan Storti é a cobertura esportiva. Basta ver seu portfolio:
— É uma grande verdade. Não me atraem as reportagens que rendem fotos de desgraça — tanto as de natureza social quanto as naturais — e principalmente as pautas de política, apesar de achar que esses temas têm que ser mostrados, pois, afinal, essa é a função do jornalismo.

Até o momento, Storti diz que não consegue apontar uma só matéria que tenha marcado sua carreira. Mas tem participado de muitas coberturas que considera importantes, como a trajetória dos jogadores santistas Diego e Robinho, dupla de atacantes campeã do Brasileiro de 2002, e a quebra do recorde mundial dos 50m em piscinas curtas, pelo nadador Caio Márcio, no ano passado:
— Mas também corro atrás das marcas dos atletas desconhecidos — garante.

Seu grande sonho, revela, é publicar um livro com fotos sobre esportes e crônicas de Armando Nogueira. Enquanto isso não acontece, segue saindo a campo sempre “para tentar trazer uma fotografia melhor que a do dia anterior”. Em relação ao fotojornalismo em geral, faz um alerta aos colegas:
— Há um perigo muito grande rondando por aí e acho que a categoria deveria ficar atenta. São essas promoções que os jornais estão fazendo, incentivando o leitor a levar sua maquininha digital a certos lugares e enviar as fotos por e-mail, prometendo prêmios para as que forem publicadas. Se pensarmos bem, a imprensa terá milhares de repórteres-fotográficos, claro que sem qualidade, mas os veículos terão quantidade e em vários lugares diferentes. Sei que o bom profissional nunca perde o seu espaço, mas é bom ficar de olho. 


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