Crônicas da história do futebol em livro


23/09/2008


Acaba de ser lançado o novo livro de Ivan Soter “Quando a bola era redonda”, em edição da Livraria Folha Seca, reunindo crônicas sobre o futebol de 1914 a 1970, sempre tendo a mesma protagonista:
— Queria fazer uma elegia à bola, mas não de maneira saudosista, embora ache que o livro tenha acabado com um pouco deste sentimento. É inegável que, de uns tempos pra cá, o futebol mudou. Hoje ele está muito veloz, você quase não vê a bola, ela deixou de ser protagonista — diz o autor.

Tais mudanças estão no centro da crônica que dá título ao livro. Nela, Ivan escreve que atualmente a bola parece oval em alguns momentos, tamanha a rapidez com que passa por nossos olhos: “O importante agora é a velocidade. A bola tem que ir ligeirinho de um para o outro. Felizmente há craques que nos deixam vê-la por instantes, mas eles têm que escondê-la. Zidane, Riquelme e Ronaldinho Gaúcho são os mestres em tirá-las de nossas vistas. A vislumbramos de relance, protegida entre as pernas dessas feras”, descreve.

O especialista em futebol, autor de outros livros sobre o tema, fala também sobre técnicos que sedimentaram o estilo brasileiro de jogar, como Gentil Cardoso, Flávio Costa e Freitas Solich. E de craques da bola — como Zizinho, Garrincha, Ademir, Tesourinha, Barbosa, Didi, Nilton Santos, Zagallo, Tostão e Pelé — e da crônica esportiva — os irmãos Nelson Rodrigues e Mário Filho.

Poder

                  Ivan Soter

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Com a batalha entre João Havelange e Paulo Machado de Carvalho pelo domínio do escrete em 70, a luta pelo poder também ganha as páginas do livro, que ainda passa pela história de João Saldanha à frente da seleção, na crônica mais extensa do livro.

Ivan Soter também é responsável pelas ilustrações internas e da capa do livro, onde estão o que ele considera a melhor defesa do primeiro turno do Campeonato Carioca de 1955: Veludo, do Fluminense; Paulinho, do Vasco; Pavão, do Flamengo; Paulo e Décio Recaman, de Bonsucesso; e Zózimo, do Bangu.
— Desenhei essa capa quando tinha 15 anos. Muitos me perguntam por que não incluí o Nilton Santos nesta minha seleção, mas eles não se lembram que o Botafogo ficou em sétimo no torneio, em que o grande destaque foi o Bonsucesso.

Rodrigo Ferrari, que editou o livro juntamente com Daniela Duarte, destaca a importância de Ivan no trabalho de resgate da memória do futebol:
— “No tempo em que a bola era redonda” é o segundo título do Ivan que editamos. O primeiro foi um livro de estatísticas, chamado “Enciclopédia da seleção”. Este segundo reúne crônicas sobre personagens e momentos marcantes da história do futebol, uma leitura essencial para quem se interessa pelo tema. Ainda mais por se tratar do Ivan Soter, um dos mais criteriosos pesquisadores do assunto que eu conheço.