Crivella faz ataques à imprensa durante discurso


24/10/2016


Marcelo Crivella, ao lado da esposa Jane. Foto: Arquivo/Agência Brasil

Marcelo Crivella, ao lado da esposa Jane. Foto: Arquivo/Agência Brasil

O senador Marcelo Crivella (PRB), candidato a prefeito do Rio de Janeiro, aproveitou seu discurso ao fim de caminhada com aliados na orla da zona sul da cidade, na tarde deste domingo (23), para fazer ataques a veículos de imprensa que publicaram reportagens desfavoráveis a ele nesse fim de semana.

O portal UOL destacou que Crivella criticou a revista “Veja” por fazer uma capa “sob encomenda” e o jornal “O Globo” por publicar “uma piada” como manchete. Ele também classificou a TV Globo como “a inimiga jurada” da sua campanha.

Crivella se referia à reportagem de “Veja” que informou que ele ficou fichado e preso em 1990, num episódio em que foi acusado de invasão de domicílio, e às informações publicadas pelo “Globo” –o ex-diretor da Petrobras Renato Duque teria dito, em negociações para sua delação premiada, que recebeu pedido da ex-presidente da estatal Graça Foster para ajudar a campanha de Crivella para o Senado em 2010.

O UOL acrescenta que a ajuda, supostamente feita após pedido do senador a Foster, teria sido realizada por meio do pagamento de gráficas para a produção de 100 mil banners para o candidato. Duque teria dito que o serviço foi pago com dinheiro de propina.

No convite para a caminhada, que ocorreu entre a orla de Ipanema e Leblon, o perfil oficial de Crivella no Facebook deu o tom do que seria o evento: “Mesmo com a mídia perseguindo e tentando eleger [o adversário no segundo turno, Marcelo] Freixo [PSOL], haverá hoje uma caminhada em favor de Crivella”. Na rua, o senador confirmou a estratégia. “Meus amigos, vocês são testemunhas, e há vários repórteres que estão acompanhando as minhas palavras: não houve expedientes, dos mais torpes aos mais virulentos, que contra nós não fossem empregados”, declarou o senador aos correligionários, no Leblon.

“Eu lamento profundamente que mais uma vez a Rede Globo de Televisão, a quem nós todos temos muita admiração pelos filmes, pelo futebol, na hora que chega a eleição… meu Deus do céu. A gente fica triste porque publicam notícias sem apuração. A manchete de hoje é uma piada, não tem uma fita gravada, não tem um documento, não tem uma investigação”, disse o candidato.

Crivella disse ainda que “há anos” acompanha bem a investigação da Operação Lava Jato. “Nunca houve sequer uma menção a quem hoje ocupa a capa do jornal, um jornal de tradições. Eu tenho certeza que o Roberto Marinho lá do céu deve estar triste. ‘A que ponto chegou o jornal que eu fundei, que a minha família fundou'”, afirmou.

“[A reportagem] diz a respeito de banners, milhões e milhões de banners, quando todo mundo sabe que as minhas campanhas sempre foram modestas, sem alianças, andando na rua. Perdi quatro campanhas, inclusive essa na qual eles dizem que recebi tudo isso”, disse. Em 2010, no entanto, Crivella foi reeleito senador da República.

“É o desespero. Mas eu tenho certeza que o povo do Rio de Janeiro sabe discernir o que é eleição e o que é paixão, e há de entender que isso tudo são apenas intrigas”, completou. Mais cedo, em nota, ele disse que, “como senador, já esteve com vários diretores da Petrobras tratando dos interesses do Rio de Janeiro”, mas negou ter negociado ajuda financeira para campanha.
Sobre a reportagem que exibiu suas fotos fichado pela polícia, ele direcionou suas críticas ao veículo e deu novamente sua versão para o caso.

“A revista Veja –aliás, o nome deveria ser ‘Veja a que ponto chega uma revista’– publicar em capa uma fotografia de 26 anos atrás, de uma história absolutamente irrelevante, uma coisa superada, uma arbitrariedade de um delegado, coitado, que já não está mais aqui [morreu em 2001], mas que se estivesse iria se desculpar como fez na ocasião, para que eu não movesse um processo contra ele. E pela primeira vez a revista ‘Veja’ fez duas capas, uma para o Brasil, e outra, sob encomenda, para o Rio de Janeiro. É uma coisa impressionante.”