30/12/2016
A crise que afetou os jornais no Brasil teve seu ponto alto na queda de publicidade. Em janeiro, a Gazeta do Oeste que circulava no município de Mossoró, no Rio Grande no Norte, foi um dos primeiros jornais a fechar as portas em 2016, após 38 anos de vida. A direção alegou dificuldades financeiras para manter o veículo em funcionamento.
O Jornal da USP, lançado em 1985, teve sua versão impressa encerrada em março. O periódico mantido pela Universidade de São Paulo migrou para o formato digital depois de 31 anos de circulação impressa. A decisão de mudar o formato, segundo o superintendente de Comunicação Social da USP Eugênio Bucci, foi determinada por uma “mudança de hábito” do seu público leitor.
O Jornal da Paraíba circulou pela última vez em versão impressa em abril. A empresa optou por investir na plataforma digital. Essa mudança resultou em 91 demissões. A Rede Paraíba de Comunicação informou que a decisão de encerrar o jornal impresso, que circulou durante 45 aos, seguiu apenas uma tendência mundial imposta pelo crescimento das plataformas digitais.
O jornal A Região, do município de Itabuna, Sul da Bahia, deixou de circular em outubro. O diretor Marcel Leal alegou que o jornal deixou de ser procurado pelos anunciantes. Sem publicidade não havia como bancar a edição em papel.
Em outubro, o Jornal da Noite, de Porto Alegre, anunciou que estava encerrando suas atividades em consequência do falecimento de seu fundador e editor, Danilo Ucha. A última edição teve 12 páginas dedicadas à memória de seu fundador.
O Correio de Uberlândia, que circula no triângulo mineiro, comunicou em novembro que deixaria de circular em papel. A empresa demitiu vários funcionários e ainda não sabe como irá atuar no mercado digital.
O mês de dezembro chegou com o fim a da versão impressa da revista TPM. A publicação da Editora Trip, lançada em 2001, deve manter sua marca online, além de comparecer nas bancas em quatro edições especiais por ano.
A Gazeta Mercantil, descontinuada há sete anos, voltou ao mercado, desta vez em versão digital, batizada como Gazeta Mercantil Experience.
O grupo RBS do Rio Grande do Sul que edita a Zero Hora, foi quem melhor se preparou para enfrentar os desafios das mídias digitais. A empresa tomou uma iniciativa ousada para os padrões da imprensa brasileira: cancelou a tradicional edição de domingo, que tinha uma vendagem reduzida e custo elevado, e investiu num projeto audacioso. Criou um pacote digital de final de semana que incorporou as edições de sábado e domingo num formato capaz de enfrentar o novo cenário do chamado “mundo líquido”.
Na contramão das empresas brasileiras, a RBS passou a fazer grandes investimentos no conteúdo editorial. Criou inclusive o Grupo de Investigações Especiais, que tem a responsabilidade de produzir reportagens de longo curso.