CPJ divulga relatório sobre aumento de crimes contra a imprensa no mundo


29/04/2015


Christiane Amanpour

Christiane Amanpour, jornalista do canal CNN (Reprodução: www.theblaze.com)

O relatório anual “Ataques à Imprensa” divulgado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), nesta segunda-feira, dia 27, em Nova York (EUA), destaca que o confronto entre grupos terroristas e governos autoritários transformaram os últimos anos nos mais perigosos para a rotina dos profissionais de imprensa.

“Dezenas de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas foram sequestrados, assassinados, ou permanecem sob vigília e censura em função do trabalho jornalístico”, afirma um dos trechos do documento, que reúne textos assinados por profissionais de imprensa. O estudo apresenta ainda dados sobre os riscos para o exercício da profissão em países da América Latina, como Paraguai e México, ameaçados pela atuação de narcotraficantes e contrabandistas de armas.

A jornalista Christiane Amanpour, do canal de TV CNN, que participou da apresentação do relatório da CPJ, ressaltou o crescimento dos casos de agressão e a falta de segurança para o exercício da produção em todo o mundo:

— Atualmente, desde a segurança cibernética até a segurança física, há mais complexidade nos desafios enfrentados pelos jornalistas em regiões mais instáveis, como Oriente Médio, África e América Latina, e mesmo em países tradicionalmente mais estáveis localizados na Europa, Ásia e América do Norte.

Para Christiane Amanpour a busca pela informação vem se transformando, ao longo dos anos, em uma rotina ameaçadora e insegura:

— A maior ameaça não parte apenas de um ou dois indivíduos, nem está confinada a um determinado país ou a determinado período. Uma batalha pela informação está em curso no mundo inteiro evoluindo de modo extremamente perigoso. A única constante, como sempre, é que nós jornalistas sempre estamos na frente de batalha.

De acordo com o diretor executivo do CPJ, Joel Simon, os jornalistas estão presos em uma dinâmica de terror.

— Nossos colegas sofrem ameaças de personagens não estatais e enfrentam restrições ao cumprimento de seus direitos civis e à liberdade de imprensa, até mesmo por parte dos governos reconhecidos internacionalmente.

Os assassinatos de jornalistas de várias nacionalidades cometidos pelo grupo extremista  Estado Islâmico(EI), especialmente na Síria e no Iraque, contribuíram para que o ano de 2014, tenha sido um dos anos mais violentos para a profissão, com 60 mortes de jornalistas confirmadas, aponta o relatório do CPJ.

Ainda sobre o ano de 2014, o estudo mostra que entre os países da América Latina, o Paraguai registrou a morte de três jornalistas em função do exercício da profissão, e que Brasil e México registraram duas mortes cada.

Na última semana, o CPJ divulgou um ranking dos 10 países que mais censuraram a imprensa. A lista é liderada pela Eritreia, seguida da Coreia do Norte e da Arábia Saudita.