CPJ divulga dados sobre crimes contra a mídia


15/02/2011


O Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, apresentou na manhã desta terça-feira, dia 15, em São Paulo, o relatório “Ataques à Imprensa em 2010”. O evento foi realizado no Blue Tree Jardins Copacabana, no bairro Jardins, capital paulista, promovido pelo CPJ em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
 
O levantamento do Comitê faz um balanço sobre a liberdade de imprensa e os casos de violência contra jornalistas em todo o mundo. De acordo com o estudo, 44 jornalistas foram assassinados em 2010, e outros 31 morreram em circunstâncias ainda não confirmadas. A pesquisa mostra ainda que 145 jornalistas foram presos no exercício da profissão.
 
O estudo da CPJ denuncia o assassinato de cinco jornalistas somente nas seis primeiras semanas de 2011, dois deles durante as recentes rebeliões no Egito e na Tunísia.
 
—A democratização política não trouxe as reformas necessárias ao sistema judiciário para garantir a liberdade de imprensa. O ano de 2010 foi um dos piores para a imprensa, desde 1992. Além disso, as organizações criminosas expandiram seu poder, afirmou Lauria, lembrando que desde 1992, 850 jornalistas foram mortos em todo o mundo. Deste total, 60% atuavam na mídia impressa, 40% em emissoras de TV e de rádio, e 60% apuravam denúncias relacionadas à política.
 
O relatório do CPJ aponta para o avanço da censura e da violência na América Latina, especialmente na Argentina, Brasil, Equador, Honduras e México, que “vivem momentos difíceis”, de acordo com Carlos Lauria, Coordenador da CPJ, e da pesquisa:
—Apesar de a censura não ter a mesma envergadura que durante as ditaduras militares, quando muitos jornalistas desapareceram e as forças armadas ditavam o que podia ou não ser publicado, seu ressurgimento é preocupante”, adverte o relatório.

Sobre o Brasil, o CPJ critica a censura ao jornal O Estado de S.Paulo, citando as pressões da família Sarney para impedir a publicação de denúncias de nepotismo e corrupção. E ainda o assassinato de Francisco Gomes de Medeiros, Diretor da Rádio Caicó, no Rio Grande do Norte, e o seqüestro e tortura de Gilvan Luiz Pereira, editor do jornal Sem Nome, no Ceará.
—Centenas e centenas de casos seguem na Justiça brasileira buscando censurar a cobertura de temas de interesse público. As decisões são tomadas principalmente por juízes de primeira instância, que são mais suscetíveis às pressões de autoridades locais, afirmou Lauria.
 
*Com informações da AFP, O Globo.