07/05/2021
Credito: congresso em foco
Por Fabio Costa Pinto – Jornalista representante regional da ABI na Bahia
Há relatos que o presidente Bolsonaro havia demonstrado irritação às criticas de jornalistas nordestinos sobre o seu apoio ostensivo aos grupos de extermínio e desestabilização na segurança pública dos estados, facilitação do acesso a armas de fogo, falta de apoio a liberação da vacina Sputinik V e enfrentamento à Covid.
Divulgada três dias antes de desembarcar em solo baiano na segunda-feira, 26 de abril, uma foto do presidente ao lado do apresentador Sikêra Jr com a mensagem “CPF cancelado” soou como mais uma intimidação à imprensa nordestina. O termo é normalmente usado por grupos de extermínio e milicianos para designar assassinatos.
Coincidentemente, 20 dias antes, duas fake News anunciavam a morte de uma jornalista investigativa baiana, atuante no combate ao crime organizado no estado (o nome foi resguardado para segurança da profissional), um fato que precisa ser investigado. Uma delas, no dia dos jornalistas (7de abril). “Minha luta é para que as famílias, trabalhadores, empresários e policiais honestos saibam que não estão sozinhos”, afirma a jornalista em questão.
A jornalista tem recebido apoio da ABI – Associação Brasileira de Imprensa, em sua representação baiana pelas perseguições e ameaças de morte que vem passando. “A morte anunciada no dia dos jornalistas foi a da colega, mas o recado claro era para todos nós da imprensa, por isso precisamos nos apoiar”.
Recebemos denúncias de que já existem registros de atuação de milicianos na Bahia desde 2003, mas esse modelo empresarial de grilagem de terras, expulsão de moradores de aluguel, domínios de bairros inteiros para exploração imobiliária, crescimento alarmante de grupos de extorsão e extermínio nos bairros mais pobres, além de alianças ao crime organizado foi ampliado logo após a eleição de Bolsonaro em 2019, e a ida para o estado de milicianos como Adriano da Nóbrega (morto na Bahia em 2020).
Em novembro do ano passado uma atuação conjunta das polícias Civil e Militar da Bahia e Rio de Janeiro prenderam no sul da Bahia outro miliciano carioca, o policial militar Rodrigo Silva das Neves, acusado de ser um dos assassinos de Fernado Ignacio de Miranda, genro do bicheiro Castor de Andrade.
Fica explícito no livro a “República das Milícias”, de Bruno Paes Manso, que diferente dos profissionais honestos e éticos, o miliciano visa apenas lucro e poder e não tem espírito de corporação. É um ganancioso. Da mesma forma que ele mata o traficante, mata o trabalhador da periferia e o colega que entra no caminho dele ou não quer se corromper. Isso aconteceu com o ex-fuzileiro naval Cleverson Santos Ribeiro e com o policial Italo Andrade, de 27 anos, assassinado em setembro de 2020 por colegas de farda que atuavam em grilagem de terras na região metropolitana de Salvador e grupos de extermínio. Grupos esses exaltados pelo presidente Bolsonaro, que em 2003 usou o plenário da Câmara dos Deputados para apoiar, elogiar e oferecer guarida a um grupo miliciano de extermínio.
Como se não bastasse, Bolsonaro finalizou a viagem com mais intimidações à imprensa. Durante coletiva na Bahia chama de “idiota” a jornalista Driele Veiga, da retransmissora do SBT na Bahia, depois de ser questionado sobre a postagem da foto com a mensagem, “CPF Cancelado”. “Uma mulher em pleno exercício da função ser chamada de idiota por um presidente da República é um fato a se lamentar”, desabafa Driele.
O jornalista Fabio Costa Pinto condenou a atitude do presidente em nota oficial, divulgada no mesmo dia do ocorrido. “É inaceitável e repugnante, agressão à liberdade de imprensa, que muito mancha a democracia em nosso país. Não há democracia sem Imprensa livre!”. Não podemos aceitar agressões de nenhum tipo contra os profissionais de Imprensa, principalmente no exercício da sua função. Repudiamos as perseguições, agressões de qualquer natureza à liberdade de expressão, bem como ao estado democrático de direito
Leia Nota de repúdio
O que não foi divulgado sobre a viagem de Bolsonaro à Bahia
Poucos dias antes da recente viagem do presidente Jair Bolsonaro à Bahia para inaugurar um trecho da BR-101, entre Feira de Santana e Entre Rios, em 26 de abril, uma foto sua ao lado do apresentador Sikêra Jr com a mensagem “CPF cancelado” soou como mais uma intimidação à imprensa nordestina. O termo é normalmente usado por grupos de extermínio e milicianos para designar assassinatos.
Há relatos que o presidente Bolsonaro havia demonstrado irritação às criticas de jornalistas nordestinos sobre o seu apoio ostensivo aos grupos de extermínio e desestabilização na segurança pública dos estados, facilitação do acesso a armas de fogo, falta de apoio a liberação da vacina Sputinik V e enfrentamento à Covid.
Como se não bastasse, Bolsonaro finalizou a viagem com mais intimidações à imprensa. Durante coletiva na Bahia chama de “idiota” a jornalista Driele Veiga, da retransmissora do SBT na Bahia, depois de ser questionado sobre a postagem da foto com a mensagem, “CPF Cancelado”. Driele considerou lamentável o fato de “uma mulher, em pleno exercício da função, ser chamada de idiota por um presidente da República”.
A representação baiana da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) condenou a atitude do presidente em nota oficial, divulgada no mesmo dia do ocorrido. “É inaceitável e repugnante, agressão à liberdade de imprensa, que muito mancha a democracia em nosso país. Não há democracia sem Imprensa livre!”, disse a nota. Não podemos aceitar agressões de nenhum tipo contra os profissionais de Imprensa, principalmente no exercício da sua função. Repudiamos as perseguições, agressões de qualquer natureza à liberdade de expressão, bem como ao estado democrático de direito.
Fabio Costa Pinto – Jornalista representante regional da ABI na Bahia