Correio Braziliense divulga carta de trabalhadores


17/06/2016


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Parte da redação do Correio Braziliense paralisou as atividades por dois dias consecutivos na semana passada. Pela situação, os profissionais de comunicação, com apoio da direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF), divulgaram carta na tarde desta quinta-feira, 16. No documento, os comunicadores reforçaram que não têm a menor intenção de prejudicar o impresso mantido pelos Diários Associados, mas que precisam encontrar formar de lutar pelos direitos trabalhistas.

Os jornalistas do impresso mais tradicional de Brasília contam que estão convivendo com rotineiros atrasos salariais e os colegas que atuam como freelancers são os mais afetados, com vencimentos atrasados que começaram a ser pagos somente depois de a redação iniciar processo de paralisação na última quinta-feira, 9. Os vencimentos mensais não são o único problema dos funcionários do impresso. Os responsáveis pela carta informam que benefícios como Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e auxílio-alimentação de maio são ignorados pela direção, além da regularização do FGTS.

A carta expõe, ainda, que o grupo de comunicadores entende a atual situação financeira do Correio Braziliense e de todo o mercado da mídia impressa no país e que até por isso as paralisações que estavam previstas para segunda e terça desta semana foram canceladas – assunto que será retomado em assembleia agendada para esta sexta, 17. “Esperamos ter deixado claro com o atual movimento que a disposição em colaborar não significa que tudo é aceitável. Nós jornalistas continuamos unidos”, destacam os autores da carta.

Confira, abaixo, a íntegra do documento:

Carta pública dos jornalistas do Correio Braziliense

O futuro do Correio Braziliense é, hoje, a maior preocupação dos jornalistas que fazem suas páginas. Alguns de nós contamos décadas dedicadas à tarefa. Todos construímos o resultado que é referência em Brasília, no Brasil e para além das fronteiras. Queremos que essa história de excelência continue a ser escrita por muito tempo, e isso exige, de modo incondicional, o respeito aos nossos direitos no presente.

Com esse espírito, realizamos, na quinta e na sexta-feira passadas, 9 e 10 de junho, paralisações de duas horas em cada dia, conforme aprovado em assembleia na terça-feira 7. Foi a forma que, coletivamente, encontramos para demandar da empresa informações e soluções a respeito de uma série de obrigações não cumpridas pela direção, algumas desde o ano passado.

Estavam previstos, ainda de acordo com a assembleia de 7 de junho, mais dois dias de paralisação: três horas na segunda-feira 13, e o dia todo na terça-feira 14. Porém, na sexta-feira, os trabalhadores decidiram suspender a paralisação nesses dois dias, depois que a empresa começou a atender a principal demanda do movimento: o pagamento dos colegas que trabalham como freelancers na redação e que estão há meses sem receber. Uma parte desses atrasados foram pagos já na sexta-feira, e a empresa apresentou um cronograma para as próximas quitações. Também esperamos o pagamento do reajuste salarial retroativo, da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da Convenção 2015/2016, do auxílio-alimentação do mês de maio e a regularização do FGTS).

Diante dessa decisão, gostaríamos de esclarecer que:

1)Reiteramos que este não é, em nenhum sentido, um movimento contra o Correio Braziliense. Como jornalistas, não desejamos contribuir para a piora da situação das empresas jornalísticas, que, todos sabem, atravessam uma difícil transição rumo a um novo modelo do mercado de mídia. Ao contrário, nossa intenção é ajudar a fortalecer a empresa e colaborar para que ela produza um jornalismo de qualidade cada vez melhor.

2)Acreditamos que essa empresa só se fortalecerá a partir de uma relação de transparência com seus funcionários, que precisam ser e se sentir respeitados para continuarem buscando sempre o melhor resultado. A forma ideal de a empresa garantir isso é, evidentemente, cumprindo o que foi acordado com os trabalhadores. Na impossibilidade de fazer isso nas datas acordadas, que a empresa dê explicações convincentes para o não cumprimento, também avisando os funcionários com antecedência. É a combinação de descumprimento de acordos com silêncio por parte da direção nesses momentos o maior motivo para que, nos últimos tempos, tenhamos nos sentido constantemente desrespeitados.

3)Temos convicção de que já demos, em várias ocasiões, demonstrações de nossa disponibilidade em colaborar com a empresa. Tanto que, repetidas vezes, aceitamos a prorrogação do prazo para que direitos assegurados por lei nos fossem entregues. Fomos compreensivos com a situação da empresa e agimos de forma paciente, dando sucessivos votos de confiança para a direção.

4)Esperamos ter deixado claro com o atual movimento que a disposição em colaborar não significa que tudo é aceitável. Nós jornalistas continuamos unidos. A suspensão das paralisações nos dias 13 e 14 não significou o fim da mobilização. Uma nova assembleia está marcada para a próxima sexta-feira, dia 17, data em que a empresa garantiu uma nova rodada de pagamentos de atrasados dos freelancers. O não cumprimento desse compromisso pode nos levar a novas e maiores paralisações, algo, evidentemente, a ser avaliado e decidido, como sempre, coletivamente. Também continuamos a defender mais diálogo entre direção e funcionários, por acreditarmos que, dessa forma, não só nos manteremos mais bem informados, como também poderemos colaborar mais para o sucesso do Correio Braziliense.

Jornalistas do Correio Braziliense e Sindicato dos Jornalistas do DF

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