14/05/2020
Conselho Consultivo da ABI
Nós, membros do Conselho Consultivo da ABI, endossamos da primeira à última linha o pedido de impeachment feito pela direção de nossa centenária casa que está em suas mãos.
É preciso barrar, enquanto é tempo, a indisfarçável sanha autoritária do presidente da República.
A cada dia que passa fica mais claro que, por meio de aproximações sucessivas, dois passos à frente, um passo atrás, o objetivo de Jair Bolsonaro é dinamitar a recente democracia brasileira.
Seu passado remoto o condena, suas práticas mais recentes não deixam margem à dúvida.
Todos nós, incrédulos, fechamos os olhos e ouvidos diante de suas ações e pronunciamentos desde os tempos em que saiu praticamente expulso do Exército.
Tratamos como folclore desprezível a atuação dele como deputado, suas provocações rasteiras, as homenagens à ditadura de 1964 e os elogios a torturadores.
Vimos seu desempenho na última campanha eleitoral como bizarrice, até que um atentado infame o transformou em vítima silenciosa e ardilosa e permitiu sua fuga dos debates.
Imaginamos que a responsabilidade do cargo lhe impusesse limites civilizatórios. Em vão!
Ao contrário, os democratas testemunham sucessivos ataques às instituições.
Violência contra a imprensa, ataques ao Congresso Nacional e seguidos atos de desrespeito ao STF.
Diante de terrível pandemia, ceifadora já de mais de dez mil vidas, o que se vê é a desobediência às orientações da OMS e do próprio Ministério da Saúde.
Não desconhecemos o incômodo de processo tão traumático como o do impeachment em momento de tragédia, quando a sensatez deveria determinar que todos os esforços teriam de ser concentrados na guerra contra o vírus.
Temos a clareza, contudo, de que a articulação política ora em curso, por parte do presidente da República, tem como objetivo mais que evitar o impedimento, mas somar forças para decretar o estado de sítio, a exemplo do já feito em outros países.
Daí o apoio irrestrito ao documento da direção de nossa casa.
Excelentíssimo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; que o espírito de seu bravo antecessor Ulysses Guimarães prevaleça nesta hora grave da nacionalidade:
NÓS TAMBÉM TEMOS NOJO DAS DITADURAS!