15/06/2023
Mais de 200 moradores e lideranças sociais se reuniram na UERJ na Conferência Livre de Favelas e Periferias do Rio de Janeiro, para debater e potencializar articulações em torno do direito humano à vida e à saúde, a partir das vivências em seus territórios. O evento, realizado no início de junho, foi um desdobramento das Conferências Livres, Democráticas e Populares e teve como tema “Favelas e Periferias pelo Direito à Vida e em Defesa do SUS”.
Além das lideranças populares, participaram também a representante do Ministério da Saúde, Lúcia Souto; o jornalista Xico Teixeira, pelo núcleo de comunicação popular da ABI; Carlos Fidelis, Presidente de Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (CEBES); Carlos Tukano (Presidente do Conselho Estadual de Direitos Indígenas), Mauro Ferreira (Agente de saúde), e a ex-deputada Mônica Francisco.
O encontro é preparatório para a 17ª Conferência Nacional da Saúde que vai acontecer no início de julho, em Brasília, com participação de delegados eleitos nas pré-conferências realizadas em todo o Brasil. Assim como a Educação, a saúde realiza conferências nacionais a cada ano para formular e discutir políticas públicas, o setor de comunicação, com muita dificuldade, conseguiu promover apenas um encontro deste nível, no final do primeiro governo Lula.
André Lima, coordenador do encontro, ressaltou que devem ser organizadas caravanas de lideranças populares para participarem da 17ª Conferência, em especial em uma atividade autogestionada, proposta pelo CEBES intitulada “Nas teias da Saúde: Promoção de Saúde nas Favelas e Periferias Urbanas”. André, que é da Cooperação Social da Fiocruz e diretor do Cebes, ressaltou que a ideia é que este processo não se encerre em si mesmo, mas ecoe ao longo do ano com desdobramentos das discussões nos diversos canais envolvidos, com destaque para o Radar Saúde Favela, como também nos espaços de informação e comunicação dos demais parceiros.
“Ter uma conferência de saúde com o debate voltado para o direito ao acesso do SUS em periferias e comunidades têm uma extrema importância, ainda mais na atualidade, onde a gente viveu anos em pandemia e mais o desmonte do SUS por causa de questões políticas, então é preciso que a voz da comunidade chegue. O SUS é do povo para o povo, então é o espaço onde a gente vai colocar nossas demandas que vai para a conferência nacional, que é onde é discutido o debate de política pública de saúde”, disse Lúcia Cabral, assistente social e coordenadora da ONG Educap – Complexo do Alemão.
A Conferência realizada no campus da UERJ contou com a presença e participação de lideranças e moradores de favelas da Zona Oeste, Zona Sul, Zona Norte, Leopoldina, Centro da cidade do Rio de janeiro e da baixada Fluminense. Dai Medeiros, uma das primeiras lideranças a se manifestar, disse que os direitos básicos da população favelada e periférica seguem sendo assolados pelo racismo sistêmico e enraizado em todas as nossas estruturas sociais. Dentre estas, a segurança pública, programada pela política de morte para atacar o povo pobre e negro das favelas e periferias assim como os povos indígenas por todo o Brasil.
Dai Medeiros é uma ativista do Projeto Casa, localizado na Favela do Aço em Santa Cruz, além de integrar o movimento Mulheres Vivas, da Zona Oeste. Para ela, o Brasil e o Rio de Janeiro precisam ser reconstruídos.