Conferência analisa 200 anos de jornalismo


29/04/2008


                                                                                                                          Fotos: Ivone Lopes

Elen Geraldi, Humberto Borges, Azêdo, Fernando Tolentino, Raul Pilati e Leandro Fortes

O centenário da ABI, veículos impressos versus eletrônicos, as contradições da mídia antiga e atual e a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista centralizaram o debate da terceira edição do ciclo de conferências “A Imprensa discute a imprensa”. O evento foi realizado na noite desta segunda-feira, dia 28, no auditório Dom João VI da Imprensa Nacional, e partiu do tema “200 anos de imprensa, 200 anos de jornalismo: passado, presente e futuro”. As conferências são promovidas pela Associação dos Servidores da Imprensa Nacional (Asdin) e pelo Correio Braziliense, com o apoio da Imprensa Nacional.

Como homenageada da noite, a Associação Brasileira de Imprensa, por intermédio de seu Presidente, Maurício Azêdo, foi reverenciada logo no início, com placas de homenagem entregues pelo editor de Suplementos do Correio Braziliense, Renato Ferraz; pelo Presidente da Asdin, Humberto Borges, e pelo Diretor-Geral da Imprensa Nacional e mediador do debate, Fernando Tolentino.

Na abertura da conferência, Tolentino agradeceu a presença do Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Romário Schettino, e Trajano Jardim, da Diretoria do órgão de classe e falou sobre o evento:
— Ele homenageia a um só tempo os 200 anos do Correio Braziliense, da Imprensa Nacional e da Gazeta (jornal do Rio de Janeiro) e muito especialmente o centenário da ABI.

Tolentino reforçou a importância da entidade para o País, marcada por campanhas sérias, como a luta em favor da presença brasileira nas tropas que combateram o nazifascismo, as campanhas “O petróleo é nosso” e pela anistia, a convocação da Assembléia Nacional Constituinte e o impeachment de Collor, que teve o então Presidente da ABI, Barbosa Lima Sobrinho, como primeiro signatário. Citou ainda a ABI dos últimos anos, conduzida por Maurício Azêdo, ‘cuja trajetória é marcada pelo destaque na criação e edição de revistas como a Placar e saudosos títulos de jornais de resistência à ditadura militar, como Opinião e Movimento”.

                       Maurício Azêdo e Fernando Tolentino

O Presidente da ABI saudou companheiros de luta presentes na platéia, como Trajano Jardim e o fotógrafo Pedro Torre, agradeceu as homenagens da Asdin, do Correio Braziliense e da Imprensa Nacional e destacou a relevância dos veículos de comunicação em acontecimentos históricos do País, como os citados por Tolentino:
— Todos sublinham a importância da imprensa e dos meios de comunicação na vida nacional, que contam agora com um sistema de informação muito amplo e variado.

No fim do pronunciamento, Maurício ressaltou:
— Para nós, tanto quanto o centenário da Associação Brasileira de Imprensa, causa-nos muito orgulho o bicentenário da Imprensa Nacional, da Impressão Régia, da Tipographia Nacional, do Departamento da Imprensa Nacional, nomes que ela adotou através dos tempos, porque essa é a matriz do pensamento expresso em termos gráficos do País, desde 1808.

Debatedores

Na segunda parte do ciclo, a experiência dos debatedores contribuiu para a intensa participação da platéia, composta de estudantes de Comunicação e profissionais. Raul Pilati, editor de Economia do Correio Braziliense, acrescentou novos dados à discussão em torno do futuro do jornalismo impresso versus eletrônico, citando estudos que apontam o ano de 2034 como o último do jornal em papel.

A Diretora do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília, Elen Geraldes Cristina, concentrou sua fala no “perfil contraditório apresentado pelos jornais ao longo de 200 anos de história” e, a partir daí, nas seguintes questões: como pensar a imprensa em um país que pouco lê, com mais escritores que leitores? Como o Brasil aparece na imprensa? Como conciliar interesses de grupos com o desafio da notícia?

Professor do Instituto Superior de Brasília e repórter da revista Carta Capital, Leandro Fortes abordou a exigência do diploma para o jornalista, guiado por dados projetados em um telão. Segundo ele, a “batalha” em torno do assunto apresenta um desrespeito tolerado, o desprezo pela vida acadêmica, a falácia da escola de redação, o discurso patronal, a síndrome da grande imprensa, a pobreza de argumentos contra o diploma e uma arrogância intelectual de jornalistas com mais tempo de atuação.

No encerramento da terceira edição do ciclo, Fernando Tolentino e Humberto Borges entregaram aos palestrantes um exemplar dos livros “Machado de Assis, servidor público”, editado numa parceira da IN com o Senado, e “Imprensa Nacional, da linotipia à era digital”, de Jalmir Freitas.