11/04/2023
Por Maria Luiza Busse, diretora de Cultura da ABI
A história do cineclube foi contada pelo fundador, o jornalista Fichel Davit Chargel entrevistado pelo crítico Rodrigo Fonseca, o filme exibido foi Azyllo muito louco, de Nelson Pereira dos Santos, e os comentários foram do assistente de direção e cineasta Luiz Carlos Lacerda, o Bigode, que respondeu às perguntas do público no debate realizado depois da sessão conduzido por Rodrigo.
Davit, Nelson e Bigode têm em comum o fato de Azyllo ter sido um dos mais de 100 filmes que passaram nas sessões de sábado à noite do Macunaíma no auditório de 600 lugares do nono andar do prédio da ABI. Davit mostrou o cartaz do clássico soviético Encouraçado Potemkin feito a bico de pena sobre cartolina pelo jornalista ilustrador Mem de Sá. E lembrou que o cineclube teve como porteiro o colunista político Ancelmo Gois. A filha de Nélson, Márcia Pereira dos Santos, cedeu a cópia de Azyllo, e foi possível ver ou rever a genialidade do diretor na adaptação de O Alienista, de Machado de Assis, que lhe rendeu indicação à Palma de Ouro de Cannes, em 1970. Luiz Carlos Lacerda, que atuou no longa e também como assistente de direção, falou sobre o modo de produção da equipe que se ‘internou’ durante seis meses na cidade de Paraty, litoral norte do Rio de Janeiro, onde o filme foi rodado. Ressaltou a arte fotográfica de Dib Lutfi, a criatividade do cenógrafo e figurinista Luiz Carlos Ripper, e as atuações do elenco, uma constelação de talentos igual à que se transformou Macunaíma, o personagem do modernismo que deu nome ao cineclube, quando morre no romance de Mário de Andrade sobre o amálgama formador do povo brasileiro.
O aniversário do cineclube recebeu parabéns e votos de longa vida em mensagens que foram lidas durante o evento. O público presente aplaudiu e pediu bis para os próximos muitos anos do Macunaíma.
Algumas mensagens:
“Como eu queria estar aí !!! Eu sou a Maria de Lourdes Bitarães. Tenho 69 anos de idade. Moro em Florianópolis/SC. Orientadora Educacional aposentada há 16 anos. Sou petista de carteirinha há 40 anos. Sou Lulista desde que nasci para a consciência política. Ativista nas causas populares à favor da população em situação de rua e dos animais indefesos. Iniciei este ano o Curso de Mestrado Internacional em Ciências Políticas. E para concluir … EU QUERIA ESTAR AÍ , que pena não poder ! (internauta que leu a divulgação em uma rede social)
Ana Maria Magalhães, atriz e cineasta
Salve o cineclube Macunaíma nos seus 50 anos, parabéns. Que continue sempre assim, divulgando os filmes, e fazendo a gente refletir sobre os temas abordados nos filmes. Viva a ABI, Viva o Cinema, Viva a Cultura Brasileira.
Sergio Pugliese, diretor da Agência Approach Comunicação
Nos enche de orgulho ver a ABI nos representando, promovendo eventos, se posicionando e fazendo a diferença!
Fernando Sousa -Diretor Executivo da Quiprocó Filmes
Hoje é um dia especial, em que temos a enorme alegria de festejar os 50 anos do Cineclube Macunaíma, espaço de resistência contra a repressão e a censura. Uma iniciativa lendária da Associação Brasileira de Imprensa, fundamental na luta pela Democracia, na defesa da Cultura e do Cinema Brasileiro. Que honra a nossa ter feito parte recentemente da sua reabertura. Viva a ABI e vida longa ao Cineclube Macunaíma.
João Pedro Stédile, economista e liderança do MST
Todos os amigos e amigas da ABI. Como amigo da ABI, gostaria de cumprimentar a toda diretoria e associados, por essa iniciativa, que já completa 50 anos. Nossa sociedade precisa, mais do que nunca, debater ideias, projetos, futuro, ideais para construirmos uma sociedade mais justa e igualitária. Estou convencido de que a melhor forma de fazer essa disputa de ideias é através da cultura, da música, do cinema, das artes em geral, que chegam a corações e mentes. Por isso espero que essa pratica se multiplique em outros espaços da cidade do Rio de Janeiro e de todo país, estimulando jornalistas e intelectuais da classe a se engajarem na batalha das ideias, para derrotarmos a direitona, seus fascistas e seus crimes.
Abraços
João Pedro Stédile