Um correspondente do New York Times foi forçado a deixar a China depois que lhe negaram a emissão de visto para 2013. O australiano Chris Buckley, de 45 anos, trabalhava como correspondente no país desde 2000, sendo que, até setembro, para a Reuters. O jornalista deixou Pequim e partiu para Hong Kong com a família depois que seu visto expirou e as autoridades chinesas não liberaram a renovação.
O jornal também aguarda o visto do chefe da sucursal de Pequim, Philip P. Pan, que fez o pedido em março. Os problemas com vistos ocorrem em meio a pressões do governo sobre os veículos de mídia internacionais que vêm investigando as finanças de altos dirigentes chineses.
Em sua defesa, o governo da China emitiu um comunicado em que afirma não ter expulsado o correspondente do país. Os chineses alegam que a não-renovação do visto do repórter foi por conta de irregularidades na ficha de solicitação.
“A ficha do jornalista Chris Buckley do New York Times não está de acordo com o regulamento exigido pela China”, disse o porta-voz do governo chinês, Hua Chunying. De acordo com as autoridades, faltavam informações no formulário apresentado pelo contratante de Buckley, no caso, o jornal. “E não houve nenhuma rejeição para a renovação do visto e nem uma expulsão”, completou Hua.
O NYT tem outros seis correspondentes na China, cujos vistos foram renovados em 2013. David Barboza, chefe da sucursal de Xangai, autor de artigos sobre as finanças da família do primeiro-ministro Wen Jiabao, está entre os que tiveram o visto renovado.
Sites bloqueados
Após o New York Times publicar uma reportagem sobre o patrimônio da família de Wen, em outubro, tanto o site do jornal em inglês quanto sua versão em chinês foram bloqueados na China — e permanecem inacessíveis no país. Advogados que defendem a família de Wen rejeitaram as acusações publicadas nas matérias e o governo de Pequim acusa a reportagem de ser uma tentativa de “manchar” a China e seus líderes.
Em junho, autoridades já haviam bloqueado a versão em inglês da Bloomberg News depois que o site publicou uma investigação detalhada sobre os bens da família do secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, que assumirá a presidência do país neste ano. Instituições financeiras da China afirmaram ainda terem sido instruídas a não comprar os terminais de computador da Bloomberg.
“Espero que autoridades chinesas emitam um novo visto o quanto antes e permitam que Chris e sua família retornem a Pequim”, afirmou a editora-executiva do NYT, Jill Abramson. “Também espero que Phil Pan consiga o visto para desempenhar sua função na sucursal da cidade”.
O caso de Buckley ocorre após uma recusa das autoridades em maio de renovar o visto da repórter da Al-Jazeera Melissa Chan – uma decisão que foi vinculada a um documentário feito pelo canal de notícias internacional sobre trabalhos forçados em prisões da China. O Clube de Correspondentes da China falou que foi o último de uma série de casos nos quais o governo utiliza vistos de jornalistas para “censurar e intimidar” correspondentes estrangeiros na China. Chan foi a primeira correspondente a ser expulsa do país desde 1998.
* Com informações de O Globo, Portal UOL Notícias, AFP e Portal Meio & Mensagem.