China aperta o cerco contra imprensa estrangeira


04/01/2013


Um correspondente do New York Times foi forçado a deixar a China depois que lhe negaram a emissão de visto para 2013. O australiano Chris Buckley, de 45 anos, trabalhava como correspondente no país desde 2000, sendo que, até setembro, para a Reuters. O jornalista deixou Pequim e partiu para Hong Kong com a família depois que seu visto expirou e as autoridades chinesas não liberaram a renovação.
 
O jornal também aguarda o visto do chefe da sucursal de Pequim, Philip P. Pan, que fez o pedido em março. Os problemas com vistos ocorrem em meio a pressões do governo sobre os veículos de mídia internacionais que vêm investigando as finanças de altos dirigentes chineses.
 
Em sua defesa, o governo da China emitiu um comunicado em que afirma não ter expulsado o correspondente do país. Os chineses alegam que a não-renovação do visto do repórter foi por conta de irregularidades na ficha de solicitação.
 
“A ficha do jornalista Chris Buckley do New York Times não está de acordo com o regulamento exigido pela China”, disse o porta-voz do governo chinês, Hua Chunying. De acordo com as autoridades, faltavam informações no formulário apresentado pelo contratante de Buckley, no caso, o jornal. “E não houve nenhuma rejeição para a renovação do visto e nem uma expulsão”, completou Hua.
 
NYT tem outros seis correspondentes na China, cujos vistos foram renovados em 2013. David Barboza, chefe da sucursal de Xangai, autor de artigos sobre as finanças da família do primeiro-ministro Wen Jiabao, está entre os que tiveram o visto renovado.
 
Sites bloqueados
Após o New York Times publicar uma reportagem sobre o patrimônio da família de Wen, em outubro, tanto o site do jornal em inglês quanto sua versão em chinês foram bloqueados na China — e permanecem inacessíveis no país. Advogados que defendem a família de Wen rejeitaram as acusações publicadas nas matérias e o governo de Pequim acusa a reportagem de ser uma tentativa de “manchar” a China e seus líderes.
 
Em junho, autoridades já haviam bloqueado a versão em inglês da Bloomberg News depois que o site publicou uma investigação detalhada sobre os bens da família do secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, que assumirá a presidência do país neste ano. Instituições financeiras da China afirmaram ainda terem sido instruídas a não comprar os terminais de computador da Bloomberg.
 
“Espero que autoridades chinesas emitam um novo visto o quanto antes e permitam que Chris e sua família retornem a Pequim”, afirmou a editora-executiva do NYT, Jill Abramson. “Também espero que Phil Pan consiga o visto para desempenhar sua função na sucursal da cidade”.
 
O caso de Buckley ocorre após uma recusa das autoridades em maio de renovar o visto da repórter da Al-Jazeera Melissa Chan – uma decisão que foi vinculada a um documentário feito pelo canal de notícias internacional sobre trabalhos forçados em prisões da China. O Clube de Correspondentes da China falou que foi o último de uma série de casos nos quais o governo utiliza vistos de jornalistas para “censurar e intimidar” correspondentes estrangeiros na China. Chan foi a primeira correspondente a ser expulsa do país desde 1998.
 
* Com informações de O Globo, Portal UOL Notícias, AFP e Portal Meio & Mensagem.