Nesta segunda-feira, dia 16, às 17h30, o Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecon) promove o debate “A Revolta da Chibata — cem anos depois”, com ênfase na obra do jornalista Edmar Morel e no legado da luta dos marinheiros. O palestrante é o historiador, escritor e professor Marco Morel.
Adalberto do Nascimento Cândido, filho de João Cândido, líder da revolta, estará presente ao evento que acontece na Sala Belisário de Souza, no 7º andar do edifício-sede da ABI (Rua Araújo Porto Alegre, 71 — Centro do Rio).
Filho de ex-escravos, João Cândido Felisberto liderou a Revolta da Chibata em 22 de novembro de 1910, quando os marinheiros, em sua maioria, negros e mestiços filhos de ex-escravos, se rebelaram contra os constantes castigos físicos imputados pelos oficiais, membros da elite branca e aristocrática do Brasil.
Milhares de marinheiros ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro. Durante os seis dias do motim seis oficiais foram mortos. João Cândido foi designado à época, pela imprensa, como Almirante Negro. A rebelião terminou com o compromisso do Governo federal em acabar com o emprego da chibata na Marinha.
Dias depois, ocorreu uma nova revolta. João Cândido, apesar de haver assumido posição contrária ao movimento, foi expulso da Marinha, e preso na Ilha das Cobras. Em abril de 1911, foi transferido para o Hospital dos Alienados, como louco, mas recebeu alta e voltou para a Ilha das Cobras, de onde foi solto em 1912, absolvido das acusações juntamente com nove companheiros.
João Cândido sofreu grandes privações, vivendo como estivador e peixeiro. Discriminado pela Marinha até o fim da vida, morreu pobre e esquecido em 6 de dezembro de 1969, aos 89 anos de idade, vítima de um câncer.
Na década de 70, sua memória foi homenageada pelos compositores João Bosco e Aldir Blanc no samba “O mestre-sala dos mares”.
Centenário
No ano de seu centenário, a Revolta da Chibata têm sido lembrada em diversos eventos no País. Em 7 de maio último, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou o navio petroleiro João Cândido, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, na Ilha de Tatuoca, em Pernambuco. O nome da embarcação celebra a trajetória histórica de João Cândido.
—Vamos homenagear brasileiros que lutaram, sofreram e têm importância, mas, não são reconhecidos, afirmou Lula durante a cerimônia de batismo do navio.
Em 24 de junho último, o Deputado estadual Raul Carrion(PCdoB-RS) homenageou o centenário da Revolta da Chibata e os 130 anos de nascimento de João Cândido em cerimônia realizada junto ao busto do herói, no Parque Marinha do Brasil, na capital Porto Alegre. Em 29 de junho, Carrion promoveu na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, o Grande Expediente Especial com a entrega da Medalha do Mérito Farroupilha in memorian aos descendentes de João Cândido. A condecoração foi recebida por Adalberto do Nascimento Cândido.
—Homenagear João Cândido quando completamos 130 anos do seu nascimento e 100 anos da Revolta da Chibata é resgatar a luta do povo brasileiro e do povo negro pela Liberdade e pelos direitos cidadãos”, disse Carrion.