Por Igor Waltz*
12/08/2013
Um jornalista paranaense teve a casa alvejada por disparos na madrugada de domingo, 11 de agosto, no bairro de Jardim Santa Helena, em Maringá, a 426 km de Curitiba (PR). Ângelo Rigon, de 50 anos, conhecido no Paraná por publicar denúncias contra políticos locais, disse não suspeitar de ninguém nem o que poderia ter motivado o atentado. O caso será investigado pela Polícia Civil.
No local do atentado, a Polícia Militar recolheu cinco estojos de pistola, calibre 32, e quatro projéteis de pistola, calibre 7.65 – cinco disparos acertaram o imóvel. Os tiros ficaram alojados na parede do quarto onde o jornalista dormia. Ninguém ficou ferido.
De acordo com a Polícia Militar, vizinhos do jornalista teriam presenciado a fuga de dois homens em uma motocicleta após os disparos. O jornalista disse que dormia ao lado da namorada quando acordou com o barulho dos disparos em sequência, por volta das 1h25. “Ouvi também alguém acelerando uma motocicleta. Um dos tiros se alojou próximo a janela do quarto onde estávamos”, disse ele.
Rigon, que há cerca de 30 anos atua na imprensa paranaense, mantém atualmente um blog na internet, onde publica análises sobre o cenário político regional. O Blog do Rigon é reconhecido como um dos mais polêmicos do Estado, tendo publicado várias denúncias contra políticos locais. “Acredito que o atentado está ligado ao meu trabalho no blog, mas não posso apontar alguém especificamente. Raramente dou notícia policial. Meu foco é mais político. [O que aconteceu] não tem nada a ver com política”, afirmou.
O jornalista diz que recebe ameaças anônimas constantemente e que teve seus telefones grampeados. Em 2008, o jornalista recebeu uma ameaça de morte depois de divulgar que o prefeito da época poderia ser cassado. Segundo ele, nesse período a polícia investigou o caso e descobriu que um grupo de Maringá estava grampeando as ligações do blogueiro e fazia planos para matá-lo.
“Mesmo com a descoberta, ninguém foi preso”, relata. “E depois daquele ano, em 2012, durante o período eleitoral, recebi ligações que me alertavam sobre um suposto ataque que poderia ocorrer contra mim e que teria sido deixado para depois. Entreguei o material para a polícia investigar”, revelou.
Rigon disse que se sente inseguro após o atentado. Por recomendação dos investigadores, vai mudar a rotina de trabalho, mas diz não pretender sair de Maringá. “Acredito no trabalho da polícia”, disse. Ao publicar relato sobre o atentado em seu blog, comentários anônimos aconselharam o jornalista a deixar a cidade. “O melhor para o Rigon é mudar de Estado, ir lá para o Norte ou Nordestão e parar de falar abobrinha”, escreveu um dos autores de comentários anônimos.
A Polícia Civil diz ainda não saber a identidade do autor dos disparos. Há cerca de dois anos, a sede da RPC TV, afiliada da Rede Globo, em Maringá, também foi alvo de disparos. Na ocasião, dois homens em uma moto fizeram vários disparos contra o prédio da emissora. Alguns vidros foram quebrados e as paredes da cozinha ficaram com marcas de tiros. Ninguém se feriu a e a polícia não deteve os suspeitos de cometer o ato contra a empresa.
Nota de repúdio
O Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná manifestou seu repúdio ao atentado. Em nota, a entidade lembrou que o jornalista já havia sido ameaçado em duas ocasiões anteriores, e ninguém foi preso.
“Independente da motivação desse ataque, o Sindicato dos Jornalistas se solidariza com Angelo Rigon e reconhece que seu trabalho incomoda muita gente, por ser sério e atender aos anseios da sociedade no sentido de estar bem informada acerca da conduta dos políticos na administração municipal, bem como dos parlamentares que representam a população do Noroeste do Paraná”, disse o comunicado.
“O Sindicato exige que as autoridades policiais competentes façam a devida investigação para punir os responsáveis por este atentado”, completou.
*Com informações do site Bondenews, jornal O Diário, portal Terra e G1.