21/10/2021
Outubro Rosa 2021 se aproxima do fim sem que uma pergunta seja respondida: cadê o mamógrafo móvel do Estado do Rio de Janeiro? O equipamento levava exames gratuitos de mamografia e ultrassonografia a cidades onde esse serviço não existe ou funciona precariamente e não atende à grande demanda.
O serviço itinerante foi visto pela última vez no Outubro Rosa de 2019, quando foi usado para uma atividade programada na Praia de Copacabana pela Comissão de Defesa da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). De lá para cá, a Secretaria de Estado de Saúde alega que o serviço está em fase de licitação.
Na noite de 30 de setembro, nas escadarias do Palácio Tiradentes para a abertura oficial do Outubro Rosa da Alerj, deputadas estaduais cobraram a reativação do equipamento. Procurada pelo Portal ViDA & Ação no dia seguinte (1º de outubro), por meio de sua assessoria de imprensa, a SES não se manifestou oficialmente, nem em contatos posteriores. De modo informal, a Redação foi informada de que o equipamento está recolhido no quartel do Corpo de Bombeiros em Guadalupe, aguardando o processo de licitação.
Entre idas e vindas, o Mamógrafo Móvel – um caminhão adaptado com diversos equipamentos, que foi adquirido pelo poder público em 2014 – , parou de realizar viagens inicialmente em razão da crise financeira do Estado do Rio. No Dia D do Outubro Rosa, em 2017, o governo anunciou que a unidade itinerante voltaria a percorrer diversas cidades e bairros onde as mulheres têm dificuldade de fazer mamografia, ultrassonografia e biópsia – exames considerados essenciais para a detecção precoce do câncer de mama.
A população de 42 municípios do estado que não possuem mamógrafo podia ter acesso ao exame por meio do Mamógrafo Móvel. O serviço itinerante era levado para cidades-pólo, a partir das quais todas as secretarias municipais de saúde de cada região eram mobilizadas para atrair a população até os locais. Exames que ajudam no diagnóstico precoce da doença também são oferecidos no Rio Imagem, no Centro do Rio.
Na última vez em que o Mamógrafo Móvel circulou, em 6 de outubro de 2019, cerca de 60 atendimentos foram realizados. Na ocasião, Vera Lúcia, de 67 anos, moradora da Rocinha, conseguiu realizar seu exame de mamografia.
“Faço um trabalho na favela onde nasci e fui criada para conscientizar as mulheres a se cuidarem. Eu já fiz meu exame, espero que mais mulheres também consigam fazer e que surjam mais caminhões como este para ajudar a nós mulheres”, afirmara.
Segunda unidade da federação em casos e mortes por câncer de mama, o Estado do Rio de Janeiro não tem muitos motivos para comemorar esse Dia Mundial de Conscientização sobre o Câncer de Mama (19 de outubro). Sequer uma programação foi montada para marcar a data e o Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção da doença e também do câncer de colo de útero. Os dois tipos de tumor podem ser tratados e curados se houver diagnóstico precoce.
De acordo com diversos especialistas, sociedades médicas e o próprio Instituto Nacional do Câncer (Inca), a realização de mamografia é importante na identificação precoce da doença e reduz significativamente o risco de mortalidade. Desde 2012, com a aprovação da Lei 12.732, o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS)deve começar em até 60 dias após o diagnóstico, independentemente da região do paciente.
O Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 50 e 69 anos façam o exame a cada dois anos, mas alguns especialistas defendem que o intervalo seja de um ano – há controvérsias. De acordo com dados do Inca, são esperados anualmente no Brasil mais de 66,2 mil novos casos de câncer de mama. Apesar de raro em homens, o câncer de mama também acomete a população masculina, representando 1% do total de casos.
3 — 2019 foi o último ano em que unidade itinerante circulou? Quantos atendimentos pelo mamógrafo móvel foram feitos e em quais cidades naquele ano?