22/04/2021
Por Redação Portal IMPRENSA
Confirmando a tendência de cerceamento à liberdade de imprensa diagnosticada por outros estudos do gênero, o Brasil entrou na “zona vermelha” do ranking da RSF pela primeira vez em duas décadas. A categoria inclui regiões do mundo onde a situação da imprensa é considerada difícil.
Na edição do ano passado o Brasil estava na “zona laranja”, considerada “sensível”. No ranking geral o país passou da 107ª colocação para a 111ª. É o quarto ano consecutivo de queda do Brasil no levantamento.
Realizado desde 2002, o ranking avalia aspectos como pluralismo, independência das mídias, transparência, qualidade da infraestrutura de suporte à produção da informação e violência contra a imprensa.
América Latina
Além do Brasil, outros 50 países estão na “zona vermelha”, incluindo Nicarágua, Rússia, Filipinas, Índia, Turquia, Venezuela e Sudão.
A zona branca, com maior liberdade de imprensa, tem por 12 países: Noruega, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Costa Rica liderando os cinco melhores lugares.
O estudo revelou que em toda a América Latina, salvo raras exceções, o ambiente de trabalho dos jornalistas ficou mais hostil.
Com relação à pandemia, o trabalho destacou que o acesso da imprensa brasileira aos números oficiais da crise sanitária “tornou-se extremamente complexo devido à falta de transparência do governo de Jair Bolsonaro, que tentou por todos os meios minimizar a escala da pandemia, gerando inúmeras tensões entre as autoridades e os meios de comunicação nacionais”.
Nesse contexto, a RSF ressaltou a importância do consórcio de veículos de imprensa dedicado a obter informações diretamente de autoridades sanitárias brasileiras.
Sobre a retórica anti-imprensa do governo de Jair Bolsonaro, o relatório destacou que o presidente seus filhos e vários aliados dentro do governo “insultam e difamam jornalistas e meios de comunicação quase que diariamente, escancarando o desapreço pelo trabalho jornalístico”.
“O aumento das campanhas on-line de difamação, intimidação e assédio contra jornalistas, sejam elas promovidas por figuras públicas ou gabinetes ocultos, também é uma tendência forte na região, sobretudo na Colômbia e no Brasil. E os principais alvos desses ataques coordenados geralmente são mulheres jornalistas”, finaliza o documento.