Ato comemorativo dos 60 anos do Comício da Central na sede da ABI ganha edição gráfica


10/07/2024


Uma versão gráfica do ato comemorativo dos 60 anos do Comício da Central, realizado na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 13 de março deste ano, já está disponível para leitura em formato PDF. Um exemplar dessa edição também será impresso em formato de fotolivro com capa dura para ser incorporado ao acervo da Biblioteca Bastos Tigre, contribuindo assim para a memória da associação. A edição é do conselheiro da ABI, Geraldo Cantarino.

O evento, que teve como objetivo celebrar um símbolo de êxito do governo João Goulart, contou com o apoio e a participação da família Goulart. Subiram ao palco do auditório do 9º andar da ABI a ex-primeira-dama Maria Thereza Goulart, que esteve ao lado do presidente no palanque do comício em 1964, sua filha Denize Goulart e as netas Barbara e Isabela, filhas de Denize. Também participou por mensagem de vídeo, enviada de Brasília, o filho João Vicente Goulart.

Além da família Goulart, a importância histórica do Comício da Central foi destacada nas participações da deputada estadual Marina do MST (PT-RJ), do ex-deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG), de Clodesmidt Riani Filho, filho do líder sindical Clodesmidt Riani, que ajudou a organizar o comício, de Luiza Coelho, diretora de Comunicação da União Nacional dos Estudantes (UNE), do ex-ministro do Trabalho Almino Afonso, do arquiteto José Ronaldo Alves da Cunha, presidente da Fundação Darcy Ribeiro, e do professor Ivan Cavalcanti Proença, conselheiro da ABI.

Todas as falas foram transcritas e editadas para a linguagem escrita a partir da transmissão do evento, que está disponível no canal ABI TV do YouTube. A edição gráfica também reproduz na íntegra o famoso discurso do presidente João Goulart e faz um registro da exposição Rio 64 – A Capital do Golpe, inaugurada na sede da ABI no mesmo dia do ato comemorativo. Uma versão virtual da exposição, que teve curadoria dos historiadores Heloisa Starling e Danilo Marques, do Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi lançada no site Rio Memórias (www.riomemorias.com.br).

O Comício da Central
Em 13 de março de 1964, cerca de duas semanas antes do golpe civil-militar que jogaria o país numa ditadura por duas décadas, o presidente João Goulart reuniu na Praça da República, no Rio de Janeiro, uma multidão estimada em 200 mil pessoas. Ali, diante de milhares de trabalhadores urbanos e do campo, de servidores públicos civis e militares, de estudantes e de representantes sindicatos e movimentos populares, Goulart participou de um comício que entraria para a história do país. A concentração popular, de proporções até então inéditas no país, seria lembrada como o Comício da Central ou Comício das Reformas.

Em um discurso de uma hora, o presidente criticou as forças que se opunham ao seu governo, as quais tentaram inclusive impedir a realização do evento com uma “campanha de terror ideológico e sabotagem”. “Desgraçada democracia se tiver que ser defendida por esses democratas”, afirmou. Em sua fala, Goulart delineou as diretrizes das mudanças que desejava implantar no país. Seu lema era “progresso com justiça e desenvolvimento com igualdade”.

O presidente defendeu a realização de uma série de reformas de base, com destaque para a reforma agrária, que representaria, segundo ele, a abolição do cativeiro para dezenas de milhões de brasileiros no interior do país, vivendo em revoltantes condições de miséria. Goulart reivindicou a revisão da Constituição, considerando-a antiquada e perpetuadora de uma estrutura socioeconômica injusta e desumana. Além disso, anunciou a assinatura de decretos, como o da encampação de todas as refinarias particulares de petróleo do país. Informou também sobre a Mensagem Presidencial que enviaria ao Congresso Nacional defendendo outras reformas, como a reforma eleitoral e a reforma universitária. O evento foi uma enorme demonstração de sua popularidade junto à classe trabalhadora e representou um esforço para modificar a estrutura do país, o que foi veementemente rejeitado pela poderosa elite brasileira. Menos de vinte dias após o Comício da Central, o presidente João Goulart foi deposto por um golpe de Estado.

Baixe aqui o PDF.