26/04/2021
Por Marcos Gomes é jornalista, membro da Comissão da Diretoria de Cultura da ABI
Esse é o tema do programa ABI Esporte com a participação da Procuradora do Trabalho Luisa Rodrigues, os jornalistas Marcelo Auler, Breiller Pires e o Desembargador e Conselheiro da ABI Siro Darlan. Assista nesta segunda-feira (26), às 19h30, no canal do Youtube da ABI. https://www.youtube.com/channel/UCDLfdfuALUd7eTf9UefaPTg/videos
Coordenadora da campanha Atletas Adolescentes – Dignidade é o Nosso Esporte, a Procuradora Luisa Rodrigues explica que “com enfoque educativo, o objetivo é conscientizar atletas adolescentes, suas famílias e organizações esportivas sobre os direitos desses futuros esportistas profissionais.”
Com mais de uma década de atuação como jornalista esportivo, Breiller Pires trabalhou por cinco anos na Placar, maior revista de futebol do país, e foi editor de esportes da sucursal brasileira do jornal El País. Atualmente, é comentarista dos canais ESPN e editor-chefe da Minute Media no Brasil. Suas matérias mais destacadas envolvem temas como futebol, política e direitos humanos.
Marcelo Auler é jornalista desde 1974 já tendo trabalhado em diversos órgãos de comunicação no Rio, Brasília e em São Paulo. Em 2012, a serviço do jornal Lance reportou o trabalho da Procuradora do Trabalho Cristiane Lopes no combate à exploração por times de futebol, dos muitos jovens que sonham em se tornar atletas famosos.
Ex-Presidente do Conselho Estadual dos Direitos das Crianças e do Adolescente do Rio de Janeiro, o Desembargador Siro Darlan é Presidente da Sétima Câmara Criminal do Estado do Rio de Janeiro; Pós graduado em Direito da Comunicação Social pela Universidade de Coimbra-Portugal; Conselheiro da ABI; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo.bre como resolver o problema hoje porque “não sou psiquiatra”. O Brasil deve se deitar no divã. Somos aprendizes de feiticeiros, inventamos o veneno mas não sabemos o antídoto. “Quem controla o controlador? Quem está no controle?”
Para o embaixador que serviu na Argentina (1992-1997), França (1997-2003) e coordenou a Conferência Rio 92, boa diplomacia começa com geografia, estabelecendo pontes com os vizinhos. Numa conversa que teve com um diplomata uruguaio, o colega explicou que, para os latinos, ser vizinho do Brasil é dormir com o elefante – basta virar de lado que incomoda. O que o Brasil fez agora foi não só incomodar mas se distanciar de todos os vizinhos, os próximos e os distantes, criando caso com seus fregueses maiores, China e Argentina, espicaçando a mulher do presidente francês, chamando a vacina de Vachina.
“O Brasil traiu-se a si mesmo, tem dado tiros no próprio pé e nem é mais caso de ser resolvido na diplomacia. Chamem o dr. Scholl”
As palavras do presidente a Joe Biden, “o país está na vanguarda do enfrentamento do aquecimento global”, seguem a comum retórica triunfalista do tipo “somos uma democracia racial“, “o meio ambiente é nosso”, o que não poderia piorar mais nossa posição.
“O Brasil errou, passou a ser visto como desiquilibrado. O Brasil está diminuído, perdemos dimensão, influência e estatura. Excluímos os melhores, valorizamos os piores. Perdemos o caminho”.
Sim, Ernesto Araújo foi para casa. “Nós permanecemos aqui, tínhamos uma previsibilidade, um fio condutor e agora é como se um doido surgisse dentro de casa. O Brasil não é escanteável, não é esquecível, dá para consertar, nós não tínhamos era que nos meter nessa encrenca. O Brasil tem de semear paz”
Como todos nós o embaixador julgava que o Brasil tinha um contrato histórico com ele. “Enquanto eu vivesse, o Brasil daria certo. Mas ele não cumpriu o contrato comigo. O diplomata é um camelô que vende seu produto e agora este produto está desvalorizado, não está bem cotado na praça”
Se a função do futuro é ser perigoso, este é um momento verdadeiramente revolucionário, de mudanças das regras do jogo multiplicadas pela velocidade de disseminação das notícias pela Internet. É preciso mais despolitização , mais dessacralização e o embaixador critica a vulnerabilidade do STF “pelo excesso de publicidade“. Azambuja gostou de ver Lula fora da prisão mas quer renovação no poder.
O embaixador lamenta não haver mais nos discursos dos deputados e senadores a qualidade da oratória que ouvia por prazer na Câmara dos Deputados quando era estudante de Direito no Rio. Falta bons modos, fórmulas de cortesia, respeito pelo outro—o “outro” que deixou de existir. “Parece que vivemos num saloon”. Lamenta: o Rio temseis governadores presos em sequência. “Essa ´proeza mem no Guiness”
“Mas ainda temos onde nos proteger pelos resíduos deixados da Segunda Guerra. O absurdo é tanto que leva à racionalidade. Exemplo, a queda de Trump. Para o Brasil ele pediria três desejos à lâmpada mágica:
“Outro governante – com a pessoa que está aí nada pode acontecer. Outro discurso para o Brasil – não era difícil ser diplomata, o Brasil só tem de ser decente. Outro remédio para a cura — não adianta só saber diagnosticar o mal se não se tem o remédio para a cura”
Sim, o Brasil tem jeito, há correção para os rumos da história se houver reconhecimento da responsabilidade. É difícil fazer a pasta de dente voltar para o tubo?, sim, mas é possível consertar. Como? O embaixador Marcos Astrioto Azambuja, que foi chefe da delegação do Brasil para assuntos de Desarmamento e Direitos Humanos em Genebra (1989-1990), vivendo hoje num país que defende armar a população até os dentes, aos 86 anos deseja: “Boa sorte ao Brasil”
Ps. No dia em que o Globo e a Folha de S. Paulo resolverem qual é o jornal mais lido do país, avisem por favor ao leitor que lê diariamente em um e no outro páginas duplas pintadas de lilás no Globo, de azul na Folha, cada um se vangloriando de ser o mais vendido, o mais lido, o mais brasileiro do Brasil.