Por Igor Waltz*
19/11/2013
A polícia francesa está à caça do homem que invadiu a sede do jornal de esquerda Libération, em Paris, e disparou contra jornalistas que trabalhavam no local. O homem, armado com uma espingarda, invadiu o local na manhã da última segunda-feira, 18 de novembro, e efetuou dois disparos. Um fotógrafo freelancer de 27 anos foi atingido com um tiro no tórax e está em estado grave.
Momentos depois, o atirador teria atacado a sede do banco Société Générale em La Defense, centro financeiro de Paris, a dez quilômetros da sede do jornal. Ninguém ficou ferido. Após os disparos em frente ao banco, o suspeito fez um motorista refém até a Avenida Champs-Elysées, desceu do carro e entrou no metrô. Os motivos dos incidentes ainda não estão claros.
De acordo com as investigações, o homem é suspeito ainda de ter invadido a sede do canal de televisão BFMTV na última sexta-feira, 15 de novembro, onde efetuou disparos e ameaçou jornalistas antes de fugir. “Dadas as semelhanças entre esses casos no modus operandi, na elaboração de relatórios e nas roupas, acredita-se que seja um único autor. O suspeito tem idade próxima a 40 anos e usava um boné verde e casaco”, disse o procurador de Paris, François Molins.
A segurança nos principais jornais franceses, como Le Monde, Le Figaro, Le Parisien, Les Echos e da emissora Europe 1 foi reforçada por ordem do ministro do Interior, Manuel Valls. A agência de notícias AFP relatou que policiais fazem a proteção dos arredores de sua sede.
Além de Valls, a ministra da Cultura, Aurélie Filipetti e o prefeito de Paris, Bertrand Delanoé, visitaram a sede do jornal na sequência do incidente. “Todas as medidas foram tomadas para encontrar o responsável do incidente e para proteger a imprensa na capital”, confirmou Filippetti.
Abalado com o que classificou de “drama horrível”, o diretor do Libération, Nicolas Demorand, disse que entrar armado em um jornal é um fato muito grave em uma democracia, qualquer que seja o estado mental do agressor. “Quando os jornais e a mídia precisam se proteger como fortalezas, é sinal de que alguma coisa vai mal na sociedade”, disse o diretor da publicação. O Libération foi fundado em 1973 pelo filósofo Jean-Paul Sartre.
* Com informações do jornal O Globo e da RFI.