07/08/2024
Com informações da Folhapress
Há 100 anos, acontecia na cidade de São Paulo, um episódio esquecido pelo tempo – a revolta de 1924, uma das guerras urbanas mais violentas do país. Quem relembra essa história é o jornalista e associado da ABI, Dácio Nitrini, em seu recente livro 1924 – Tenentes Rebeldes, lançado em julho, pela editora Terceiro Nome.
A guerra, que perdurou por 23 dias, especificamente nos bairros do Brás, Pari, Mooca e Belém. Oficiais do Exército atuantes na capital paulista e foragidos da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, de 1922, juntaram-se para derrubar o governo de Arthur Bernardes. Oficiais importantes como os tenentes Joaquim Távora, Juarez Távora e o major Miguel Costa participaram do motim sob comando de Isidoro Dias Lopes, general do Exército.
A população não participou, mas foi vítima, devido à estratégia adotada pelas tropas que apoiavam o governo, na qual atiravam propositadamente em alvos civis a fim de pressioná-los a expelir os rebeldes que se concentravam no centro da cidade.
O registro oficial da prefeitura é de 500 mortes, mas, como explicado pelo autor, 750 cadáveres foram exumados na Mooca e no Bom Retiro, vítimas do confronto que não entraram nas estimativas do governo.
Com poucas informações sobre a revolta, Nitrini usou, além de livros escritos por personagens da época e documentos oficiais dos processos dos presos após o levante, também usou como fonte as poucas histórias que rolaram em sua família ao longo dos anos. O autor teve dois tios que participaram ativamente do levante.
Em Tenentes Rebeldes, o jornalista trabalha o perfil humano de cada um dos envolvidos no levante, “personagens que a história deixou submersos”, enquanto desenvolve a política no pano de fundo.
“O que a gente vê é que qualquer participação de militar na política gera carnificina e ditadura”, aponta Nitrini. “No caso de 1924, era explícita essa disposição de instalar um regime autoritário no Brasil. E isso vem se alastrando, porque a gente tem períodos democráticos até que aparece um grupo, quase sempre apoiado por militares, propondo regime totalitário para resolver os problemas do país.”
1924 – TENENTES REBELDES, 184 págs
Autoria: Dácio Nitrini
Editora: Terceiro Nome