25/04/2014
“Poupemos a Petrobras – ela é nossa”
Por Orpheu Santos Salles*
Espera-se que com a triste e absurda crise que envolve a Petrobras, principalmente após a aprovação da Comissão Parlamentar de Inquérito pelo Senado da República, não traga consequências que afetem a administração e o conceito da empresa e especialmente os brios de cada brasileiro que se considera partícipe da sua grandiosidade, notadamente daqueles que há cerca de sessenta anos participaram da luta pelo petróleo e pela criação da Petrobras.
A Nação acompanha com verdadeiro estupor as espantosas denúncias de corrupção e os acontecimentos que envolvem COMPRA DA REFINARIA DE PASADENA que se considera participação na compra da Refinaria de Pasadena nos Estados Unidos, principalmente pelo fato de estar ocorrendo com a empresa que, além de ser patrimônio de cada brasileiro, simboliza um dos marcos das nossas independências industrial e econômica.
O Brasil, que acaba de assistir contristado e pesaroso a finalização do julgamento dos crimes do Mensalão – onde um bando de delinquentes conspurcou e envergonhou a política e a Nação, ao exercitarem a corrupção contra a dignidade e o respeito às funções pública que exerciam por mandato popular -, agora presencia o lamentável posicionamento de políticos da oposição na tentativa de envolver com intuitos dúbios a presidenta Dilma Rousseff, pelo fato de ter quando ministra de Minas e Energia, presidido o Conselho de Administração da empresa na época da aprovação da compra da Refinaria de Pasadena.
Quem conhece e tem noção da grandiosidade da administração da Petrobras, do cuidado e preocupação que ocorre na aprovação de assuntos e contratos relevantes, sabe que os mesmo somente são levados a apreciação do órgão superior depois de rigorosamente examinados e de minuciosa aprovação de pareceres dos órgãos técnicos, jurídicos e administrativos. Portanto, é fora de dúvida que essas cautelas e procedimentos regulares aconteceram igualmente com o contrato da Refinaria de Pasadena. Há que se entender que o acontecido foi triste e pesaroso, mas infelizmente factível.
A indignação geral com o ocorrido ficou consignado na expressão de revolta da competente e laboriosa presidente da empresa, Graça Foster, quando estupefata, determinou a instauração de rigoroso inquérito para apuração dos fatos com explicita recomendação de vasculhar “pedra sobre pedra”.
O justo e o que se espera na finalização do inquérito instaurado na empresa, em havendo culpados intencionais e comprometidos, será de vê-los na cadeia, mas há que haver cautela, ponderação e respeito com as pessoas que poderão estar envolvidas ´´por dever de ofício“ , como está acontecendo agora com a presidente Dilma, apenas por ter sido na ocasião presidente do Conselho Administrativo. Há também se considerar e examinar as razões da política interna de produção do refino do petróleo que induziram e levaram à compra dessa Refinaria no exterior.
O valor da afrontosa e desmedida transação, entretanto, poderá estar sedimentada em fatos que teriam acontecido pelo ufanismo de levar a empresa a um posicionamento de grandeza internacional, com participação no refino de petróleo nos Estados Unidos, como já ocorre em outros países.
Os malfeitos industriais técnicos e administrativos que porventura tenham ocorrido ou estejam acontecendo na empresa são inadmissíveis, mas são riscos inevitáveis, que pela grandiosidade do empreendimento, infelizmente ocorrem. Entretanto, a Petrobras tem de ser poupada com denodo e afinco em qualquer circunstância do descrédito e dos desmerecimentos administrativo e político. Ela representa e é parte da Pátria, orgulho da nacionalidade e não pode em hipótese alguma se prestar para depreciação e enxovalhamento. Porem, se erros houve, eles tem que ser rigorosamente corrigidos; os desditosos culpados por incúria, omissão ou prevaricação, seja quem for, têm de ser devida e exemplarmente punidos.
Como regra geral a empresa vem sendo dirigida por prata da casa, gente de alto gabarito técnico e profissional, como sua presidente Graça Fortes com reais e reconhecidos serviços prestados na longa trajetória de mais de 30 anos e proveitoso trabalho, infensa a política partidária como demonstrado com a substituição de vários diretores. Adepta e seguidora inflexível da presidenta Dilma Rousseff, ambas merecedoras do crédito, confiança e respeito da Nação, não pode ser depreciada pela condução da Petrobras.
As transações e a compra da Refinaria de Pasadena devem ser esclarecidas com minúcias e detalhes, face o paradoxo dos valores apontados, desde o proprietário anterior, que com argucia e maestria de negociador comprou-a por preço baixo para depois negociá-la pelo preço da valia e de mercado. Está claro que o preço elevado, acertado e pago pela Petrobras, deve ter sido devidamente avaliado pelos técnicos e especialistas da empresa, que também por várias razões devem ter julgado do acerto e do interesse da quantidade e valor da produção do refino pela Refinaria. Deve também ter sido considerado a situação da Petrobras como compradora nos EUA do petróleo natural, cru, de necessário refino para o procedimento de importação para o Brasil.
Torna-se necessariamente recomendável, muito próprio e oportuno que, na apreciação da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI que se apregoa, os políticos nela interessados se abstenham da busca e da tentativa de colherem frutos que se encontram sazonados para colheita intencionalmente malsã, visando o locupletar de duvidosos resultados eleitoreiros, mas infelizmente, também , de incalculáveis prejuízos que podem ocorrer contra a Petrobras, que t necessariamente deve ser preservada de todo e qualquer malefício.
P O R T A N T O, P O U P E M O S A P E T R O B R A S – E L A É NOSSA !”
*Orpheu Santos Salles é Editor da Revista Justiça & Cidadania e Diretor e conselheiro da ABI
Orpheu Santos Salles(Reprodução TV Globo)