Por Claudia Sanches*
24/09/2015
Os jornalistas da TV Al catariana Al-Jazeera, Mohammed Fahmy e Baher Mohammed, que haviam sido condenados a três anos de prisão no Egito sob a acusação de “apoio a Irmandade Muçulmana”, foram libertos na última quarta-feira (23/09) no Cairo, após terem recebido anistia do presidente do Egito, Abdul Fatah al Sisi, na ocasião da celebração muçulmana do Eid al-Adha (a Festa do Sacrifício).
Segundo a Agência France Press, a absolvição aconteceu durante um júri que reuniu mais de uma centena de presos que aguardavam a decisão presidencial.
Um dos primeiros a comentar sobre o caso, o diretor-geral da Al-Jazeera, Mostefa Souag, comemorou a libertação dos jornalistas:
— Estamos muito felizes com o desfecho da situação. Mas, ressalto que é difícil comemorar, já que todo esse episódio não devia ter acontecido. Eles perderam quase dois anos de suas vidas por não terem feito nada.
No último mês de agosto, Fahmy e Mohamed, além do australiano Peter Greste, que foi expulso do Egito, haviam sido condenados pelo tribunal egípcio por terem “difundido informações falsas e trabalharem sem permissão”.
Primeiro julgamento
Em um primeiro julgamento, em junho de 2014, Fahmy e Greste haviam sido condenados a sete anos de prisão e Mohamed a dez anos. Mas o Tribunal de Cassação anulou as condenações dos jornalistas, ordenando um novo julgamento.
Na abertura do novo julgamento em fevereiro, Mohamed e Fahmy foram colocados em liberdade condicional depois de mais de 400 dias de detenção.
O diretor executivo da Al-Jazeera inglesa classificou a condenação dos jornalistas de “ultrajantes e repugnante”. Em um comunicado, a rede considerou que era “um ataque deliberado contra a liberdade de imprensa” e um “dia negro para a justiça egípcia”, criticando um acordo “totalmente político”.
As condenações iniciais dos jornalistas provocaram uma saraivada de críticas da comunidade internacional, incluindo da parte de Washington e da ONU.
O presidente Abdel Fattah al-Sissi havia reconhecido que teria sido melhor expulsar os jornalistas, em vez de julgá-los. Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), pelo menos 18 jornalistas, em sua maioria acusados de pertencer à Irmandade Muçulmana, estão atrás das grades no Egito.
*G1