Aos 86 anos, morre Autran Dourado


01/10/2012


O escritor mineiro Autran Dourado, 86 anos, morreu na manhã deste domingo, dia 30, em sua casa, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio. Segundo familiares, o autor de “Ópera dos Mortos” (1967), sofria de problemas respiratórios crônicos e teve uma hemorragia estomacal pela manhã. O corpo do escritor foi velado no cemitério São João Batista, também em Botafogo, e enterrado pouco depois das 16h.
 
Dourado estava internado há cerca de cinco meses no Hospital São Lucas, em Copacabana, na zona sul do Rio, para tratamento de problemas respiratórios. Ele recebeu alta há dois meses e se recuperava em casa.
 
Dourado deixa mulher, Lúcia Campos, com quem foi casado por mais de 60 anos, quatro filhos, dez netos e dois bisnetos.
 
Waldomiro Freitas Autran Dourado nasceu em Patos (MG), em 1926. Aos 17 anos foi para Belo Horizonte, onde cursou a Faculdade de Direito e trabalhou como taquígrafo e jornalista. Em 1954, mudou-se para o Rio de Janeiro, e, entre 1958 e 1961, foi Secretário de Imprensa no Governo Juscelino Kubitschek. Em seu livro de memórias “Gaiola Aberta”, o autor fala sobre a experiência ao lado de JK.
 
Entre os mais de 20 títulos publicados estão “Ópera dos Mortos” (1967), incluído pela Unesco em uma coleção de obras representativas da literatura universal, “A Barca dos Homens” (1961), “O Risco do Bordado” (1970), e “Sinos de Agonia”(1974).
 
O universo do escritor revela o interior de Minas Gerais e os aspectos da vida humana, como a morte, a solidão, a loucura, o crime, e foi aplaudido por dezenas de premiações, como o Goethe(1981), Jabuti(1982) com a obra “As Imaginações Pecaminosas”(1981) na categoria Contos/crônicas/novelas; Camões(2000); Machado de Assis(2008).
 
O livro “Uma Vida em Segredo” foi adaptado para o cinema em 2001, com direção de Suzana Amaral.
 
“O Brasil perde um autor importante”, lamentou Ferreira Gullar, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “Ele pertencia a uma geração brilhante de escritores mineiros, de Otto Lara Rezende a Fernando Sabino. Era consciente de seu trabalho, que não era de alarde, e tinha muita sensibilidade.”