Nathalia era uma jovem jornalista como poucos que vemos no jornalismo hoje. Era um ponto fora da curva. Uma jornalista corajosa, combativa, defensora da causa palestina, anticolonial, das causas africanas e latino-americanas, que nos trazia sempre aqui muita informação, amparada em um conhecimento consistente construído com muito estudo durante sua breve trajetória.C
Como dissemos ontem, somos uma família no 247. Somos parceiros muitas vezes à distância, o que impede o abraço que precisávamos dar em cada um dos companheiros. Nathalia e eu tínhamos programas diferentes, em horários diferentes, quase não nos esbarrávamos. Mas eu a assistia e admirava seu jeito de falar sem amarras, com a firmeza e a ênfase necessárias em um mundo cada vez mais cruel e injusto com os oprimidos. Falava com muita propriedade da América Latina, esse continente vizinho tão desprezado pelos brasileiros. Trazia os detalhes, as razões, as verdades. Aprendi muito com ela.
É muito triste perder uma colega, qualquer colega. Perder uma colega como Nathalia é mais duro ainda porque ela deixou um espaço muito difícil de ser preenchido. No entanto, mais ainda, perde o jornalismo. Jornalismo que tentamos construir com liberdade e que ela nos trazia com verdade.
Nesse país, onde precisamos tanto de esperança e de luta, de pessoas com humanidade e coragem, foi um impacto. Por isso, tantos amigos e colegas se manifestaram com profunda emoção. Nathalia vai estar ausente da nossa luta, mas presente no seu exemplo. Torcemos para encontrar outras jovens Nathalias, com esse espírito destemido, corajoso e idealista, que nos devolvam a esperança.