Por Igor Waltz
30/05/2013
O período entre 2009 e 2012 foi marcado pelo crescimento das grandes redes de livrarias e pelo retrocesso das redes médias. É o que aponta o relatório Diagnóstico ANL do Setor Livreiro 2012, lançado em abril deste ano junto com o Anuário Nacional de Livrarias 2013 pela Associação Nacional de Livrarias – ANL, em comemoração aos 35 anos da entidade.
A 4ª edição do Anuário foi oferece uma listagem atualizada de livrarias existentes no País, organizada por regiões geográficas, municípios e estados. O intuito da ANL nesta edição é, também, obter a segmentação principal das livrarias. Para o presidente da ANL, Ednilson Xavier, está em curso uma transformação no mundo da leitura, que se reflete diretamente no mercado livreiro.
“Mesmo diante das previsões apocalípticas, temos resistido às tentações do livro digital e adaptando-nos a essa nova realidade. Continuamos sendo agentes formadores de leitores, e cada vez mais nossas livrarias, independentemente do porte, têm se tornado verdadeiros centros de entretenimento para todas as classes sociais. No contexto de grande concentração de mercado, diferenciar-se na dedicação ao negócio e na criatividade é um desafio que exige senso estratégico. E uma das estratégias imprescindíveis diz respeito à definição da ‘identidade’ da livraria. É preciso ajustar o foco e desenvolver sua especialidade, optando por determinado nicho. E a principal contribuição deste Anuário é nos trazer um mapa real deste setor em todo o território nacional”, destacou o presidente.
De acordo com dos dados apresentados pelo Diagnóstico e trazidos pelo Anuário, as grandes redes de livrarias (com mais de 100 lojas) passaram de 6% em 2009 para 15% em 2012, enquanto as redes intermediárias encolheram de 31% para 22% no mesmo período. Outro dado que confirma o encolhimento das redes médias é que o percentual de livrarias que faturam de R$ 350 mil a R$ 1,2 milhão caiu de 41% para 24%, entre 2009 e 2012.
“A tendência atual é ser gigante ou retrair e ser excelente”, destacou Ednilson Xavier, presidente da ANL, referindo-se, principalmente, à grande porcentagem dos livreiros independentes, que hoje representam 62% do total de livrarias em nosso País, diferença de apenas 1 ponto percentual a menos de 2009.
O estudo identificou ainda uma queda da representatividade dos livros no faturamento anual das livrarias. Em 2009, a venda de livros representava mais da metade do faturamento total em 81% das livrarias. Em 2012, essa parcela foi de 48%. Ao mesmo tempo, as livrarias aumentaram a variedade de itens comercializados. A maior parte (62%) das lojas vende CDs e DVDs. Material de papelaria está presente em 48% dos pontos de venda.
Apesar de ser uma importante tendência atual, a venda de conteúdo digital, como e-books e audiobooks, está presente em apenas 27% do total de livrarias. Entre aqueles que não comercializam o conteúdo digital, 54% dizem que pretendem entrar nesse quinhão, e destes, 13% aspiraram iniciar as vendas ainda em 2013.
O relatório apontou ainda tendências como o aumento da concentração de livrarias no Sudeste, de 53% em 2006 para 60% em 2012. O motivo, segundo a ANL, seria a concentração populacional, o mais alto nível de escolaridade e a melhor situação econômica da região. Já o Nordeste, que havia reduzido sua participação no percentual de livrarias do País, de 20% para 12% entre 2006 e 2009, conquistou uma recuperação em 2012 passando a 15% do total.