06/05/2010
Em mensagem à ABI, a médica Maria Augusta Tibiriçá Miranda, presidente do Movimento de Defesa da Economia Nacional-Modecon, lembrou que foi a líder feminista Alice Tibiriçá, sua mãe, quem patrocinou a criação do Dia das Mães no Brasil, instituído em 6 de maio de 1932 por decreto do Presidente Getúlio Vargas.
A primeira comemoração desse dia entre nós ocorreu em 1918, em Porto Alegre, em ato sob a presidência do jornalista e poeta Álvaro Moreira e que teve como oradora oficial a poetisa Júlia Lopes de Almeida. A história do Dia das Mães no Brasil foi contada pela Dra. Maria Augusta em seu livro “Alice Tibiriçá – Lutas e Idéias”, lançado em 1980, pela Editora PLG e reeditado em 2005, pela Fundação Paulista Contra a Hanseníase.
Em sua mensagem à ABI, diz a Dra. Maria Augusta:
“O Dia das Mães foi instituído nos Estados Unidos pela saudade de uma filha – Ana Jarvis. As amigas, pretendendo homenageá-la, marcaram uma data para o culto de seu amor filial. Ela, porém, pediu que isto fosse estendido a todas as mães, viúvas ou mortas. E, assim, o segundo domingo de maio se constituiu como a data consagrada às mães, a partir de 1906.
No Brasil, coube à Associação Cristã de Moços, de Porto Alegre, introduzir essa comemoração no dia 12 de maio de 1918, em solenidade presidida pelo escritor Álvaro Moreyra e que contou com a participação da escritora Júlia Lopes de Almeida, como oradora oficial.
Em 1931, a Associação Cristã de Moços, de São Paulo, convidou Alice Tibiriçá para fazer uma conferência sobre o tema, em sua sede. Naquele segundo domingo de maio, Alice Tibiriçá prometeu que se esforçaria no sentido de que a data fosse oficializada entre nós. Em julho do mesmo ano, teve a oportunidade de concretizar a promessa. Realizava-se, no Rio de Janeiro, o II Congresso Internacional Feminista, presidido pela Dra. Berta Lutz. Alice Tibiriçá apresentou a seguinte Moção:
“As mulheres do Brasil, reunidas por um alto ideal de confraternização feminina para trabalhar pelo progresso do país, desejam homenagear as Mães – o maior fator de nosso aperfeiçoamento moral – dirigindo-se ao Chefe do Governo Provisório, por esta Moção, pedindo-lhe instituir o “Dia das Mães” no 2º domingo do mês de maio, a exemplo do que já se faz em outros países”.
Alice Tibiriçá, congressista.
A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, promotora da Assembléia em atenção à proposta aprovada, encaminhou o apelo ao Chefe do Governo, em mensagem subscrita por Carmem Portinho, Maria Eugênia Celso, Ana Amélia Carneiro de Mendonça, Stela C. Guerra Duval, Marina Bandeira de Oliveira, Barbosa Viana, Edith Fraenkel, Orminda Bastos, Maria Amália de Faria e Raquel Haddock Lobo.
Isto foi em 1931. A 3 de maio de 1932, de São Paulo, Alice Tibiriçá, como Presidente da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra, reiterou em ofício o pedido ao Chefe do Governo, em nome da entidade e de suas filiadas, e mais: o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, Centro Acadêmico XI de Agosto, Centro Acadêmico Osvaldo Cruz, Centro Acadêmico Horácio Lane, Sociedade dos Amigos da Paz, Aliança Cívica das Brasileiras, Departamento Intelectual da Associação Cristã de moços, Cruz Azul, Cruzada Pró-Infância, Sport Clube Corinthians Paulista, Sociedade Rádio Educadora Paulista.
Em 6 de maio do mesmo ano os jornalistas publicavam:
“O Chefe do Governo Provisório assinou hoje, na Pasta da Justiça, decreto declarando que o segundo domingo do mês de maio é consagrado às Mães, em comemoração dos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para o seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade humana”.
A partir de então, Alice Tibiriçá realizava algo em homenagem ao Dias das Mães, mesmo quando poucos eram, ainda, os que o cultuavam. E foi tendo como o dia inicial o segundo domingo de maio que ela promoveu, em vários anos, toda uma semana de festividade a que denominou, a exemplo do que realizava em França Mlle. Isabelle Mallet, a Semana da Bondade.”