Por Mário Augusto Jakobskind
O Presidente do Irã, Mahmoud Ahmednejad, ao participar da Conferência das Nações Unidas sobre Sustentabilidade e Desenvolvimento, a Rio + 20, concedeu concorrida entrevista coletiva e se reuniu por várias horas com cerca de 70 intelectuais, representamtes de movimentos sociais e políticos, num encontro em que ouviu mais do que falou.
O ponto principal de suas afirmações no início da reunião, realizada no dia 21, no hotel Royal Tulip, em São Conrado, em que estiveram presentes os Conselheiros da ABI Sérgio Caldieri e Mário Augusto Jakobskind, foi enfatizar a questão da justice. Ele tendo destacou nesse aspecto o papel mencionado pelo islamismo, de profetas, como Jesus Cristo, que vieram ao mundo pregar a justiça entre os homens.
Ahmadinejad repetiu, não só no encontro na parte da manhã, como na entrevista coletiva, que o Irã não pretende fabricar a bomba atômica. Citou os Estados Unidos e Israel como detentores desta arma de destruição e em tom irônico assinalou que se o artefato é tão ruim, porque estocam?
Ele voltou a defender uma nova ordem mundial “baseada na paz e no respeito entre os povos”, Como tinha no discurso feito na assembléia da Rio + 20, no Riocentro.
Dos 70 presentes ao encontro do Ahmadinejad, mais de 20 colocaram questões, destacando-se o pronunciamento de João Vicente Goulart, historiando as reformas de base propostas pelo governo do seu pai, João Goulart, e o retrocesso político de 21 anos que o Brasil viveu.
Sergio Caldieri enfatizou o papel da mídia, nem sempre correta, em relação às informações sobre os acontecimentos no Irã, enquanto o jornalista Beto Almeida, correspondente da Telesul no Brasil e Presidente da TV Comunitária Cidade Livre, de Brasília, propôs a criação de uma Frente Mundial Antiimperialista.
Na entrevista coletiva, ao ser indagado sobre o papel da midia na questão iraniana, Ahmadinejad assinalou que “distorcem para criar uma realidade que não existe, mas que agrade aos seus interesses”. Ao se referir à questão nuclear, o Presidente do Irã lembrou que antes da revolução que derrubou o regime do Xá Reza Pavlevi os Estados Unidos tinham firmado seis acordos nucleares com o Irã e após o triunfo os revogou.
“Seis milhões de barris de petróleo dia os Estados Unidos tiravam do Irã no regime antigo e nosso povo estava na miséria”, disse Ahmadinejad. “É o que querem fazer de novo”, enfatizou.
Depois de comentar que o Irã tinha um regime submisso aos interesses dos EUA e que 90% dos seus 35 milhões de habitantes viviam na pobreza, Ahmadinejad destacou: “Hoje somos bem mais e a realidade é diferente daquela”. “Temos sete mil anos de História e não nos submetemos nunca.Querem nos escravizar, voltar à ordem antiga, do regime antigo, e assim explorar nossas riquezas. Por isso nos satanizam. Querem transformar o povo em escravo”, enfatizou, observando ainda que no Irã de hoje vivem judeus e muitos deles “foram tentar a vida em Israel após a revolução,mas voltaram, pois não conseguiram viver naquele país”, adiante, disse:
“Embora os meios de comunicação de um modo geral dêem pouco destaque a esse fato, há pelo menos 3 mil anos se remonta a presença de judeus no Irã e constituem atualmente a maior colônia desse grupo étnico na região do Oriente Médio, afora Israel.
Em outro trecho de suas respostas sobre a quesdtão nuclear, Ahmadinejad assinalou que “os que querem o monopólio da energia nuclear são os que têm bombas e já usaram em tempos passados, na II Guerra, contra seres humanos”: “Energia nuclear para todos, bombas para ninguém”. defendeu.
Ahmadinejad lembrou ainda o fato de os EUA apoiarem ditaduras no Oriente Médio como forma de assegurar o controle da região, de ignorar o arsenal nuclear de Israel e “permitir a opressão contra o povo e o território palestinos”.
Em relação à crise na Síria, o Presidente do Irã declarou que a questão “precisa ser resolvida entre os sírios, pelo povo sírio, e não com intervenção de outros países”.