AEI comemora importantes aniversários


05/01/2009


A segunda edição da revista cultural a’angaba, da Associação Espírito-santense de Imprensa (AEI), publicada em dezembro último, comemora os 200 anos da Imprensa no Brasil, os 75 anos da associação e o centenário da ABI, com texto assinado pelo Presidente desta entidade, Maurício Azêdo, e ensaio do jornalista e mestre em História Política Lino Geraldo Resende, além de matérias dedicadas a Hipólito da Costa e aos jornais capixabas A Tribuna e A Gazeta e artigos de Bernadette Lyra, Mary Martins, Guilherme Santos Neves, Gelson Loyola, Clodomir Bertoldi e Francisco Aurélio Ribeiro.

O objetivo, segundo o editor-executivo da publicação, Álvaro José Silva, é contar uma história que, ao longo de dois séculos, ajudou a traçar o destino do País:
— A imprensa e os meios de comunicação foram e são de suma importância para a História moderna do Brasil, que deve aos jornais, rádios, TVs e, agora, à internet uma grande fração de suas conquistas.

Luta

Maurício Azêdo assina o texto “Nossa vocação: a liberdade”, no qual destaca a atuação histórica da ABI na luta pela liberdade de imprensa e pelos direitos civis no Brasil:
“(…) Desde seus primeiros anos viu-se a ABI no dever de modificar o perfil de sua destinação, abandonando a idéia limitada de atuar como uma entidade de assistência aos jornalistas para se consagrar àquilo que desde então se constitui em sua vocação: a defesa da liberdade. (…) A ABI pode proclamar o seu orgulho de ter servido ao País nos diferentes campos em que teve ensejo de atuar: na elevação do padrão técnico, ético e cultural do jornalismo brasileiro, na defesa do melhor interesse nacional. (…)”

Os 75 anos da AEI foram homenageados com matéria que detalha a história da entidade a partir de sua fundação, em 1933, sob o comando de Carlos Nicoletti Madeira, Adelpho Poli Monjardim e Daniel Micahel Tickomiroff, até gestão atual do Presidente Ângelo Fernandes. Diz o texto:
“(…) Aos 75 anos, a trajetória da AEI foi do esplendor à penúria, mas ao chegar a uma nova idade, a associação trabalha para se inserir na vida cultural do Estado, alinhando-se à defesa da liberdade de imprensa e de expressão, mas abrigando, também, o movimento intelectual e cultural do Espírito Santo. (…)”

Censura

No ensaio intitulado “A censura contra a cidadania”, Lino Geraldo Resende lembra que o Brasil “tem uma longa tradição de censura, que pode ser encarada como permanência, já que se fez presente mesmo antes de o País tornar-se independente”. E continua:
A censura, no caso do Brasil, sempre foi abrangente. Não atingiu só a imprensa, sendo bem mais ampla e abarcando as artes, os espetáculos, os livros, o cinema, o teatro, a música. Legal e institucionalizada, no que se refere à questão moral, a censura política, seja na mídia, seja fora dela, foi sempre uma presença ao longo da história do País.”

O jornalista resgata historicamente a evolução da censura que, segundo ele, teve início no Brasil colônia e era recorrente em Portugal:
O que resta demonstrado, ao final, é que, no Brasil, desde antes de se tornar um País independente, a censura sempre funcionou como impedimento ao exercício da cidadania. Ao restringir a divulgação de informações, impedir a livre circulação das ideias, bloquear manifestações e negar espaço às críticas e discussões, a censura coloca o cidadão no escuro, impedindo-o de conhecer a realidade do País. Estas medidas não impediram, por outro lado, que os cidadãos achassem novos caminhos de construção da cidadania. No caso do regime cívico-militar, estes caminhos acabaram levando-o ao fim e ao retorno da democracia neoliberal.”