ABI se solidariza com jornalista ameaçada:


05/03/2022


Norma Couri, Diretora de Inclusão Social, Mulher e Diversidade

A jornalista Lilian Tahan está sofrendo grosseiros ataques misóginos desde a semana passada quando a coluna “Na Mira”, do jornal “Metrópoles”, do qual é diretora-executiva, revelou que a mansão de um dos sócios dos irmãos Basile e Alexandre Pantazis foi comprada por um deputado pelo valor de R$ 8 milhões. A casa, localizada no Lago Sul, havia sido confiscada pela Justiça e foi a leilão em processo judicial.

A ABI presta integral solidariedade à jornalista.
Alexandre já foi denunciado, como o irmão, pelo Ministério Público do Paraná por crimes de abuso econômico, falsidade ideológica, irregularidades em contratos, licitações e participação em organização criminosa. Basile, além desses crimes, foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, que investiga compra irregular de respiradores. Figuras conhecidas no meio político e empresarial de Brasília, os irmãos incorrem em mais um crime depois das publicações no Instagram, tanto no perfil pessoal deles como no do “Metrópoles”.

Alexandre está em Portugal acompanhando a turnê do cantor Gusttavo Lima, num pacote de shows bancado por uma de suas empresas. De lá ataca Lilian e os repórteres Carlos Carone e Mirelle Pinheiro:
“Matéria mentirosa! Site de bandido que quer colocar todo mundo no mesmo nível. Editora safada, sem vergonha, amante de policial!… Vou atrás de vocês se preparem”, atacou Alexandre.
Dirigindo-se à Lilian, ele afirma: “Vou mostrar a todo mundo que você não presta, que você chifra seu marido, sua piranha”. E, dirigindo-se aos dois repórteres: “Vou colocar o nome de vocês no lixo junto”.

A Ajor e o Sindicato de Jornalistas do Distrito Federal repudiaram os ataques e prestaram solidariedade às três vítimas da liberdade de imprensa: “O livre exercício da profissão deve ser garantido aos jornalistas. Qualquer atentado a esse direito é um atentado à democracia”.
Jornalismo é uma profissão de risco, mas as pessoas só espanam o glamour e se dão conta dos perigos quando as ameaças vêm à tona. O relatório anual da Federação Internacional de Jornalismo (FIJ), denunciou 47 assassinatos em 2021 no mundo inteiro.
No Brasil, o Relatório Anual da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostra um record em agressões. Foram 430 casos de ataques a jornalistas e a veículos de comunicação, com violências contra a liberdade de imprensa que partem do Palácio do Planalto nas espantosas falas misóginas do presidente da República, e encontra seguidores ferozes espalhados pelo país. Como no caso de Lilian Tahan, Brasília é recordista nesses ataques.

ABI NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

A violência contra a mulher jornalista é um caso à parte. As jornalistas sofrem preconceito duplo e já há 61 casos (26, 64%) das vítimas na profissão. Elas foram vítimas em muitos dos 58 casos de agressão verbal proferidas este ano, a maioria pelo próprio presidente. Além disso, há agressões físicas, ataques cibernéticos, racismo, descrédito, censura. O presidente fez escola.
Esses casos serão debatidos numa “live” com a presença de Lilian Tahan, além de duas pré-candidatas a vice-presidência da ABI: Helena Chagas que tem quatro décadas de profissão e ex-ministra chefe da Secretaria de Comunicação Social da presidente Dilma Roussef, e Regina Pimenta, formada pelo USP em 1978 com carreira focada nas áreas de economia e negócios.
A live vai contar com a participação da presidente do Sindicato de Minas Gerais, Alessandra Melo, e de Eliara Santana, doutora em Linguística e Língua Portuguesa, pesquisadora do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, ambas com análises das pesquisas mais recentes.
O programa vai ao ar nesta terça feira no canal da ABI.