08/06/2021
Por Rogério Marques, conselheiro da ABI
Revolta e gritos por justiça no ato que lembrou um mês do Massacre do Jacarezinho
A Associação Brasileira de Imprensa esteve presente, no domingo seis de junho, a um ato que lembrou um mês do Massacre do Jacarezinho, quando 27 moradores da comunidade e um policial foram mortos durante uma ação da Polícia Civil. O evento aconteceu na quadra da Escola de Samba Unidos do Jacarezinho e reuniu moradores, parentes das vítimas, lideranças comunitárias e entidades como Ordem dos Advogados do Brasil, Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj), Defensoria Pública do Estado e várias outras.
A quadra da escola de samba, local de tantas comemorações festivas, deu lugar à revolta e às lágrimas dos parentes e amigos das vítimas, que gritaram por justiça. Lá estavam pessoas como Isabelle Teixeira, grávida de cinco meses, que perdeu o marido, Isaac Pinheiro. Isabelle declarou ao site da ABI que Isaac foi morto dentro de uma das casas da comunidade, onde se refugiou. Outros moradores descreveram os momentos de terror vividos por milhares de pessoas do Jacarezinho no dia seis de maio, e descreveram cenas chocantes.
Um dos presentes foi o jornalista Rumba Gabriel, líder comunitário do Jacarezinho e integrante da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos da ABI. Rumba declarou que “os moradores das favelas do Rio não aguentam mais ser tratados da maneira que são pela polícia, e precisam se unir para que tragédias como essa não se repitam”.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Cid Benjamin, disse que a ABI estava presente “para levar solidariedade aos moradores do Jacarezinho”. Ele lembrou que a ABI protestou de forma veemente contra a decisão da Polícia Civil estabelecer sigilo por cinco anos sobre todas as operações policiais da corporação, incluindo a da Favela do Jacarezinho, a mais letal até hoje na história do Rio de Janeiro. Logo após a chacina a ABI entrou com notícia-crime contra o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, por desrespeitar decisão do STF, que determinou a suspensão de operações policiais nas favelas durante a pandemia
A Associação Brasileira de Imprensa, em parceria com entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, continuará acompanhando o desenrolar das investigações sobre o Massacre do Jacarezinho e cobrando de todas as maneiras uma apuração isenta.