03/09/2024
Por Moacyr de Oliveira Filho, diretor de Jornalismo da ABI
Eu, como diretor de jornalismo, e a conselheira Malu Fernandes, representamos a ABI no Fórum de Jornalistas do Cinturão e Rota, realizado de 26 a 31 de agosto, em Chongqing, na China. A presidente da Fenaj, Samira de Castro, também participou.
Com o tema Expandindo o caminho das oportunidades, compartilhando um futuro brilhante, o Fórum, promovido pela All China Journalists Association – ACJA, teve a participação de 92 jornalistas, de 47 países, e de cerca de 80 jornalistas e dezenas de pesquisadores, dirigentes do Partido Comunista da China e outras autoridades chinesas.
Durante o encontro, a ABI recebeu o Certificado de Membro do International Home of Journalists – IHF, que me foi entregue pelo presidente da Associação de Jornalistas de Toda a China – ACJA, He Ping.
A Casa Internacional dos Jornalistas foi criada pela ACJA e diversas associações de jornalistas estrangeiros e é um elo entre a China e jornalistas de diversos países do mundo. É um lugar para os jornalistas da China estabelecerem contatos, organizarem atividades e se comunicarem com jornalistas de vários países do mundo.
A sessão solene de abertura foi presidida por Mo Gaoyi, diretor do Departamento de Publicidade do Comitê Central do Partido Comunista da China. Em seu discurso, Gaoyi destacou o papel dos meios de comunicação mundiais na segurança comum, integração e cooperação entre os povos. Também falou sobre a importância da tecnologia e da digitalização para a inovação na produção e na distribuição de conteúdo noticioso.
Já He Ping, presidente da ACJA, disse que a mídia deve se alinhar às tendências de paz, desenvolvimento, cooperação e benefícios mútuos. Ele pediu esforços conjuntos para construir novas estruturas narrativas e modos de expressão que “transcendam ideologia, sistemas sociais e níveis de desenvolvimento”.
Na sexta-feira (30/08), os participantes foram divididos em grupos e realizaram seminários temáticos. A delegação brasileira participou das discussões do Grupo 3, com o tema Consciência cultural da imprensa na herança e nas inovações de diversas culturas. Na minha intervenção propus que, entre outras coisas, o Brasil e Chongqing podem promover um intercâmbio cultural, citando, como exemplo o Carnaval. Uma das ideias seria levar uma escola de samba brasileira para se apresentar en Chonqging e fazer oficinas temáticas e, quem sabe, desenvolver um enredo sobre Chonging, no Carnaval de 2026. Em contrapartida, os chineses trariam ao Brasil seus cursos de cerâmica e de tela, além de outras manifestações artistícas e culturais.
Na Mesa Redonda de organizações internacionais de jornalistas, representantes de diversos países pediram que as organizações de mídia da Rede de Jornalistas do Cinturão e Rota promovam a conectividade de informações, intensifiquem os esforços para serem capacitadas por tecnologias digitais e inteligentes e aprofundem a cooperação para mostrar os encantos de diferentes civilizações. No debate, defendi a necessidade de que as organizações dos jornalistas tomem iniciativas para romper o cerco midiático contra a China que impede a divulgação de informações corretas e verdadeiras sobre a realidade chinesa e o desenvolvimento do país.
A Rede de Jornalistas do Cinturão e Rota é uma plataforma de intercâmbio e cooperação, iniciada conjuntamente por organizações de jornalistas dos países participantes do Cinturão e Rota.
Escrevemos dois artigos, um antes da viagem – Primeiras Impressões sobre a China, que foi entregue a todos os participantes do evento num livreto, e outro ao final da viagem – Novas Impressões da China, que será publicado no site oficial do Fórum.
Huang Yiwu, vice-diretor e pesquisador do Instituto de Filosofia e Ciência Política da Academia de Ciências Sociais de Chongqing
Durante o Fórum, visitamos vários locais de Chongqing e seus distritos, fizemos um passeio de barco pelo rio Yangtsé, participamos de um Seminário sobre a Consciência Cultural da Imprensa na Herança e Inovação de diversas culturas, coordenado pelo vice-diretor e pesquisador do Instituto de Filosofia e Ciência Política da Academia de Ciências Sociais de Chongqing, Huang Yiwu; de uma mesa-redonda da Organização Internacional de Jornalistas; da sessão plenária de abertura; e tivemos uma entrevista com a prefeita do distrito de Rongchang, Wan Rong, que destacou o interesse no estabelecimento de intercâmbios e parcerias culturais. Sem falar numa agradável visita ao Zoológico de Jiulongpo para ver os tradicionais ursos pandas chineses.
No passeio de barco pelo Rio Yangtsé tivemos uma proveitosa conversa com Nicolas Zhang, diretor de Assuntos Asiáticos, Africanos e Latino-Americanos da ACJA, que reafirmou a intenção de uma delegação da ACJA visitar o Brasil, em 2025, e manter reuniões e contatos com a ABI.
Nicolas Zhang, diretor de Assuntos Asiáticos, Africanos e Latino-Americanos da ACJA
Vir à Chongqing foi ver a comprovação cabal e irrefutável da realidade dos números do crescimento da China.
Ver de perto a pujança do desenvolvimento industrial e tecnológico da Província de Chongqing; a robustez do seu plano e de suas rotas de logística; a beleza, força e alegria dos 198 projetos culturais, especialmente os de fabricação da cerâmica do distrito de Rongchang, Patrimônio Cultural Imaterial, e dos festivais tradicionais, como a Semana de História e Cultura; a eficiência dos Centros de Serviços Administrativos, como vimos no distrito de Rongchang, que facilita a vida dos cidadãos e resolve seus problemas com rapidez; o avanço tecnológico dos carros produzidos pela Changan – que vende 2 milhões de unidades por ano na China, e das novas técnicas cirúrgicas e dos tratamentos inovadores e revolucionários da Haifu Technology, sob a liderança do professor Zhiibiao Wang, que minimizam os danos aos pacientes portadores de graves patologias, especialmente oncológicas e ginecológicas, ambas no distrito de Liangjiang; a alta qualidade dos produtos alimentícios da ASEAN International Food Industry Park, no distrito de Banan; andar no trem ligeiro e conhecer a parada Liziba, da Linha 2, que fica dentro de um edifício, mostra a força dessa Nova Era vivida pela República Popular da China.
Professor Zhiibiao Wang da Haifu Technology
Outro ponto importante a destacar é presença significativa de mulheres em postos de destaque em todos os lugares que visitamos, seja como expositoras dos trabalhos ali desenvolvidos, e mesmo em postos de direção e comando, o que comprova outra conquista da China de hoje: a valorização da mulher.
Entre 2000 e 2019, mais de 6 milhões de estudantes chineses deixaram o país para estudar no exterior, de acordo com o Ministério da Educação da China. Graças aos planos do governo para repatriação de talentos, um número cada vez maior de cientistas chineses formandos no exterior está retornando para a China, trazendo suas habilidades e conhecimentos recém-adquiridos com eles.
Selena Chen Sandro Perry
Durante nossa visita a Chongqing pudemos ver isso de perto, com a participação dedicada, generosa e eficiente dos jovens voluntários, a quem homenageio na pessoa da jovem Selena Chen, 21 anos, e dos intérpretes, os quais homenageio na pessoa de Sandro Perry, 34 anos, e de outros profissionais que nos acompanharam nessa emocionante viagem ao futuro.
Selena Chen e Sandro Perry são exemplos dessa nova geração de jovens chineses que se prepararam com afinco e dedicação para a missão de ajudar a construir e a escrever a história da China da Nova Era.
Zhao Tao, do Departamento de Relações Internacionais da ACJA
Como ninguém é de ferro, no sábado (31) à noite pedimos que Zhao Tao, do Departamento de Relações Internacionais da ACJA, que nos acompanhou durante toda a viagem, nos levasse para conhecer a noite de Chongqing, para ver de perto a vida dos chineses, sem as formalidades da programação oficial.
Luc-Roger Mbala, do Congo
Ele nos levou na Nona Rua, no final da Rua Pedestrian Guanyinqiao, o distrito de negócios de Jiangbei, Chongqing. Num raio de 2 km, estão grandes centros comerciais, a Cidade do Cinema, a Cidade do entretenimento, bancos, restaurantes, escolas, hospitais. A Rua Nove é moda, tendência e reúne consumidores jovens. É o cartão de visita da “economia de mercado noturna”. Fomos numa boate e num bar. A maioria dos frequentadores eram jovens, alegres, animados, felizes. Uma Lapa, um dos centros da boêmia carioca, chinesa. Nessa incursão na noite de Chongqing nos divertimos muito, principalmente com Luc-Roger Mbala, editor da Revista Le Nouvel Observateur, República Democrática do Congo, um grande companheiro de viagem.
Conhecer Chongqing foi uma emocionante viagem ao futuro que fortaleceu ainda mais a crença no socialismo e o reconhecimento do êxito das políticas públicas adotadas pelo governo do presidente Xi Jinping. Ainda mais para mim, que tive na Revolução Chinesa, liderada por Mao Tsé Tung, uma das minhas primeiras referências políticas, nos tempos em que militei na Ação Popular – AP, ainda como estudante secundarista, e no PCdoB, quando entrei na universidade, na luta contra a ditadura, organizações que seguiam a chamada linha chinesa.
Chongqing está localizada no sudoeste do interior da China e no curso superior do rio Yangtsé. Possui uma área de 82,4 mil quilômetros quadrados e está dividida em 38 distritos. Tem uma população de 31,24 milhões de habitantes e a taxa de urbanização é de 66,8 por cento. O rio Yangtze atravessa a cidade com um trecho de 691 km, convergindo com o rio Jialing e o rio Wu.
Em 1891, Chongqing tornou-se o primeiro porto comercial a se abrir ao exterior na China. Durante a guerra contra a invasão japonesa, entre 1937 e 1945, a sede do governo da então República da China e das organizações diplomáticas credenciadas na China foram transferidas para Chongqing, que se tornou a capital interna durante a guerra e o centro de comando do Extremo Oriente. Zona de combate oriental na guerra antifascista global. Nos primeiros anos após a fundação da República Popular da China, Chongqing foi um dos municípios diretamente dependentes do governo central. Foi a sede do Bureau Sudoeste do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) e da Comissão Política e Militar do Sudoeste, bem como o centro político, económico e cultural da região sudoeste do país asiático. Em 1983, Chongqing tornou-se uma cidade planejada de forma independente e ganhou direitos de gestão direta para o comércio de importação e exportação.
O Comitê Central do PCC dedica muita atenção e grandes expectativas a Chongqing, considerada um importante ponto estratégico do desenvolvimento da região ocidental da China e ponto de ligação do “Cinturão e Rota” com o Cinturão Económico do Rio Yangtze. Desempenha um papel importante e específico no desenvolvimento regional do país e no esquema de abertura ao exterior.
A intenção do Presidente Xi Jinping é transformar Chongqing num importante centro económico, um centro de inovação científica e tecnológica, um novo destaque para a reforma e abertura e um lugar habitável para uma vida de alta qualidade de influência nacional.
Desde a designação de Chongqing como município diretamente subordinado ao governo central, o desenvolvimento da cidade alcançou conquistas notáveis, se consolidando como importante cidade central do país, centro econômico no curso superior do rio Yangtze, importante base industrial moderna do país, centro abrangente de transportes na região sudoeste, e um pólo de abertura no interior, bem como vantagens geográficas, ecológicas, industriais, culturais e institucionais, Chongqing planejou e promoveu totalmente o seu desenvolvimento econômico e social.
Valeu à pena, esse choque de realidade que a linda, vibrante e histórica Chongqing, às margens dos rios YangTsé e Jialing, centro histórico e cultural, nos proporcionou!
Como dizem os chineses, ver uma vez, vale mais do que ouvir 100 vezes.