16/02/2009
A Associação Brasileira de Imprensa vai lançar na próxima quarta-feira, dia 18, a partir das 19 horas, na Livraria da Travessa do Shopping do Leblon, o Volume 2 da Edição Especial do Centenário do Jornal da ABI, que inclui entre seus textos o perfil dos empreendedores que construíram os principais complexos jornalísticos do País — Assis Chateaubriand, Roberto Marinho, Otávio Frias, Adolfo Bloch — e a descrição da trajetória da família Mesquita, presente na imprensa do País desde o século 19 e que sabia fazer jornais, mas não como ganhar dinheiro. “Nenhum Mesquita tem fortuna pessoal”, diz Ruy Mesquita, Diretor de O Estado de S. Paulo e do Jornal da Tarde.
Impresso em papel acetinado e com 84 páginas, quase o dobro das edições habituais, o Volume 2 da Edição do Centenário evoca momentos marcantes da história da ABI, como o plantio de um jequitibá-rei no Jardim Botânico pelo Presidente Juscelino Kubitschek em homenagem ao cinqüentenário da entidade; o relacionamento do Maestro Heitor Vila-Lobos com a instituição, à qual pertenceu durante 38 anos, desde 1921 até o seu falecimento em 1959; a participação da ABI em movimentos cívicos, como o da campanha “O petróleo é nosso”, lançada em seu auditório em 4 de abril de 1948, e na vida cultural, como as sessões cinematográficas que constituíram o embrião da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Entre os depoimentos publicados na Edição figuram os do jornalista Alberto Dines, sócio da ABI desde 1952, o qual descreve essa década como os anos de ouro da imprensa e da cultura no Rio de Janeiro, tendo como núcleo um Polígono Cultural em que se incluía a ABI; do cenógrafo Fernando Pamplona, que participou em 1951 de um ciclo de cinema coordenado por Alex Viany e que teve o encargo de projetar em quatro sessões, em cada durante quatro horas, o clássico Intolerância, de David W. Griffith, um dos pioneiros do cinema de enredo; do compositor Monarco, que, pouco mais que adolescente, era contínuo da ABI e foi demitido durante a visita ao Brasil do Presidente dos Estados Unidos Harry Truman. Ao mostrar o prédio ao visitante, o Presidente da ABI, Herbert Moses, foi surpreendido, ao chegar a um dos andares, com uma cena singular: Monarco simulava passos de porta-bandeira ao som de um samba que outro contínuo batucava numa lata.
Além de mostrar o trabalho de reconstituição da história da ABI pelo jornalista Edmar Morel, cujas pesquisas mostraram o desfecho trágico da vida de Gustavo de Lacerda, fundador da entidade, a Edição publica um depoimento exclusivo do jornalista e escritor Moacir Werneck de Castro, que revela como se deu seu primeiro contato com a Casa. Foi em outubro de 1934, quando foi preso ao estrear como repórter na cobertura de uma assembléia sindical, dissolvida por uma intervenção policial, na qual foram feitas várias prisões, sob a alegação de que se faziam ataques ao Governo. Moacir foi libertado horas depois graças à intervenção da ABI, depois que seu irmão Luís Werneck de Castro, jornalista e sócio da Casa, relatou a violência a Herbert Moses.