ABI lança I Mostra dos Estudantes de Cinema


19/11/2008


                            Jesus Chediak

Começa na terça-feira, dia 25, a I Mostra ABI dos Estudantes de Cinema, um evento criado pela Associação Brasileira de Imprensa para mostrar ao público as produções dos alunos dos cursos de Cinema das Universidades Federal Fluminense (UFF), Estácio de Sá e Gama Filho, da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). Participam também da programação jovens cineastas capacitados pela Cufa (Central Única das Favelas) e pelo projeto Brincando na Telinha, dirigido pelo cineasta cubano Antonio Molina, no Morro Chapéu Mangueira, no Leme, Zona Sul do Rio.

Durante a realização da Mostra, será lançado o Troféu Fernando Barbosa Lima, criado especialmente para premiar os melhores trabalhos nas categorias Ficção, Documentário, Animação, Roteiro, Fotografia e Direção. O prêmio é homenagem póstuma ao jornalista, que presidia o Conselho Deliberativo da ABI e morreu no dia último 5 de setembro. O júri que escolherá os filmes premiados será composto por Noilton Nunes (cineasta), Cláudia Furiati (jornalista, escritora e produtora de cinema) e Fellipe Redó (Coordenador do ponto de cultura Cuca da UNE).

No ato de entrega dos prêmios, dia 28, haverá apresentação do documentário “Sergio Cabral — A cara do Rio”, dirigido por Fernando Barbosa Lima. De acordo com a programação, a exibição dos filmes será na Sala Belisário de Souza, no 7º andar do edifício-sede da ABI, no Centro do Rio, e começará sempre às 19h. No mesmo horário e mesmo local, na sexta-feira do encerramento do evento, será realizada a solenidade de premiação.

A Mostra faz parte do projeto Cine ABI, criado e desenvolvido pela Diretoria de Cultura e Lazer da Casa, segundo o Diretor Jesus Chediak, como forma de “contribuir para que o público conheça o material que vem sendo produzido nas escolas de cinema do Rio de Janeiro”. 

Reflexão

Entusiasmado com a realização da Mostra, Jesus Chediak fala de sua importância e conta o que o levou a pensar no nome de Fernando Barbosa Lima para titular o prêmio que será oferecido aos estudantes:
— O objetivo principal da I Mostra ABI dos Estudantes de Cinema é permitir uma reflexão sobre o olhar dos cineastas que se formam hoje no Rio de Janeiro. Em relação ao prêmio, pensamos no Fernando porque ele, sem dúvida alguma, foi o maior inovador do jornalismo brasileiro e um excepcional realizador da produção audiovisual do País.

Rodrigo Caixeta

Chediak e Noilton Nunes

Segundo o Diretor, a idéia da Mostra surgiu exatamente no momento em que ele e Fernando Barbosa Lima vinham conversando “sobre a possibilidade de criação da TV ABI”:
— O prêmio é também uma forma de aproximar as novas gerações do trabalho do Fernando.

Chediak diz que pretende que a próxima edição da Mostra seja de âmbito nacional, e que para isso vem buscando apoio da UNE e do Ministério da Cultura:
— Este evento é uma forma de manter em evidência a tradição do vínculo da ABI com o cinema. No passado, a Associação contribuiu decisivamente para o cinema brasileiro com o Cineclube Macunaíma, freqüentado por quase todos os cineastas que criaram o Cinema Novo e por um enorme público, que lotava o Auditório Oscar Guanabarino, onde eram realizadas as exibições. Dessa forma, a Mostra se insere, mesmo que modestamente, nessa tradição cinematográfica da ABI, por coincidência na gestão de Maurício Azêdo, que foi um dos fundadores do cineclube.

Incentivo

Autor do cartaz promocional do evento, o premiado designer de cinema Fernando Pimenta acha que a Mostra é um grande incentivo para a formação de novos realizadores:
— Acho ótima a idéia, porque o cinema é uma atividade que exige pesquisa e interação com aquilo com que se vai trabalhar. O sujeito é obrigado a desenvolver a capacidade de captar aquilo que vê e a forma como vai mostrar. Por isso, entendo que um evento como esse incentiva os jovens a se tornarem realizadores cinematográficos. Ainda mais porque se trata de um projeto que dá prêmios, o que possibilita aos estudantes alcançar o reconhecimento da mídia, processo que acaba alimentando e incentivando a produção.

Fellipe Redó, da UNE, diz que a produção de cinema nas universidades é muito rica:
— E, para quem está produzindo esses bens culturais, a Mostra é um excelente projeto. Qualquer programação desse tipo ajuda na formação de platéias, pois as salas de cinema são muito segmentadas, especialmente porque os preços dos ingressos não são acessíveis a todos. Então, a função desses eventos é democratizar o acesso ao audiovisual e a formação de público. 

                           Rodrigo Caixeta

                                            Antonio Molina

Para o cineasta cubano Antonio Molina, a I Mostra ABI é uma excelente oportunidade para que o público tome conhecimento das diferentes formas de fazer cinema que vêm sendo desenvolvidas no Rio de Janeiro, seja nas universidades ou em cursos de projetos como o que ele coordena numa comunidade carente da cidade.

Molina chama a atenção para a qualidade estética das produções cinematográficas que nasceram das experiências de aprendizado que vêm sendo oferecidas fora das universidades. E a Mostra, diz ele, será mais um veículo para que um maior número de pessoas compartilhe essas novas linguagens do cinema:
— O projeto Brincando na Telinha é uma delas. Surgiu em 2005, por iniciativa do ator Antonio Pitanga, que, desde o tempo do Cinema Novo, tinha a idéia de lançar uma escola ao ar livre, para que pessoas de baixo poder aquisitivo pudessem se apropriar da linguagem audiovisual. Formamos 300 alunos. Alguns já se encontram inseridos no mercado formal, outros fundaram uma produtora e há os que continuam tentando achar seu espaço e fazer cinema.

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