30/05/2022
A Associação Brasileira de Imprensa lamenta a morte do ator Milton Gonçalves, aos 88 anos, um ícone da dramaturgia brasileira, ocorrida nesta segunda-feira (30). Ele morreu em casa por volta de 12h30, segundo a família, por consequências de problemas de saúde decorrentes de um AVC sofrido em 2020. O velório acontecerá nesta terça-feira (31) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O horário ainda não foi divulgado.
“O Brasil perde um de seus maiores atores. Milton Gonçalves é um ícone da cultura brasileira que ficará para sempre na história do cinema, da TV e da dramaturgia brasileira. Sua morte abre uma lacuna na cena cultural de nosso país”, lamentou o presidente da ABI, Octávio Costa.
Nascido em 9 de dezembro de 1933, na pequena cidade de Monte Santo, em Minas Gerais, Milton Gonçalves fez mais de 40 novelas só na Globo, onde também atuou em programas humorísticos e minisséries de sucesso, como as primeiras versões de “Irmãos Coragem” (1970); “A Grande Família” (1972); e “Escrava Isaura” (1976).
Sua atuação como Pai José na segunda versão da novela “Sinhá Moça” (2006) lhe valeu a indicação para o prêmio de Melhor Ator no Emmy Internacional. Na cerimônia, apresentou o prêmio de Melhor Programa Infanto-juvenil ao lado da atriz americana Susan Sarandon. Milton foi o primeiro brasileiro a apresentar o evento.
Ainda criança, Milton se mudou com a família para São Paulo, onde foi aprendiz de sapateiro, de alfaiate e de gráfico. Ele fez teatro infantil e amador. Sua estreia profissional acorreu em 1957, no Arena, na peça “Ratos e Homens”, de John Steinbeck.
O filho de Milton Gonçalves, o também ator Maurício Gonçalves, lembrou que o pai venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros.
“Esse Milton que as pessoas não conhecem, batalhador. Nunca deixou cair a peteca no que tange aos filhos. O maior ensinamento meu pai me passou: ser guerreiro, nunca abaixar a cabeça a não ser para os sábios, mas lutar o tempo todo”.
Outras personagens como Rainha Diaba também foram muito marcantes. Era a época da ditadura, e Maurício diz que não deve ter sido fácil fazer um fora da lei, negro e homossexual, num tempo difícil, cheio de preconceitos.
O ator também teve importante militância política. Simpatizante do Partido Comunista Brasileiro na juventude, chegou a se candidatar ao governo do Rio de Janeiro em 1994, pelo PMDB.