ABI homenageia o saudoso Jorge Vianna


09/12/2008


                            Maurício Azêdo e Renata Vianna

Nesta terça-feira, dia 9, foi inaugurada no Salão de Estar Villa-Lobos, da Associação Brasileira de Imprensa, uma placa em homenagem ao saudoso funcionário Jorge Vianna, que ingressou na Casa em 1947, com 14 anos de idade, e trabalhou na entidade até morrer, em abril de 2006. Estiveram presentes sua filha, Renata Vianna, grávida de Maria Eduarda, e inúmeros associados e colegas que se tornaram amigos de Jorge nas quase seis décadas que ele dedicou à ABI.

Jorge Vianna entrou na ABI exercendo a função de mensageiro. Mais tarde, tornou-se auxiliar administrativo e, finalmente, responsável pelo Salão de Estar do 11º andar, onde também se destacava como exímio jogador de sinuca:
— Sempre pedia para o meu pai me ensinar a jogar, o que ele fazia lá pelas 19h, quando o movimento estava mais tranqüilo na Casa. Quando ele morreu, vim até aqui para levar o taco dele, de recordação. Engraçado é que recentemente um pedreiro foi lá em casa fazer uma obra e queria negociar comigo para comprar o taco. Claro que não vendi — conta Renata, com bom humor.

A “filha do Jorge”, como ela se orgulha de ser conhecida entre os sócios que conviveram com seu pai, lembra que também foi criada no 11º andar do edifício-sede da ABI, onde “sempre estava correndo e brincando, principalmente nas festas de fim de ano”. Ela diz que o local era a segunda casa de seu pai, que se dedicou ao trabalho na Associação durante quase 60 anos:
— Por isso que eu acho importante essa homenagem que ele recebe hoje. Não é qualquer funcionário que se dedica quase a vida toda a um mesmo emprego. Mesmo depois da sua aposentadoria, meu pai continuou aqui, onde criou muitas amizades e tinha prazer de trabalhar.

Vasco

Por tanto tempo de dedicação à ABI, Jorge Vianna se tornou referência no 11º andar, como conta Renata:
— Hoje, parece que falta alguma coisa aqui neste lugar. É como se existisse a sinuca, mas sem bolas para jogar.

O funcionário Marcelo Farias Cardoso, hoje responsável pelo Salão de Estar do 11º andar, relembra quando sorteou Jorge num amigo oculto:
— A festa dee entrega dos presentes foi um dia depois de o Vasco ter ganhado a Copa Mercosul em cima do Palmeiras. Eu já tinha comprado meu presente, mas, antes de chegar à ABI, comprei mais um: uma camiseta do time do coração do Jorge. Exigi que a vestisse e ele não fez por menos: tirou a camisa ali mesmo, mostrou o barrigão, pôs a camiseta e saiu gritando “Vasco”. 

Momentos antes de a placa ser inaugurada, o Presidente Maurício Azêdo, destacou a competência e o companheirismo do homenageado:
— A ABI faz hoje uma justa homenagem a Jorge Vianna, grande companheiro que dedicou boa parte da vida à ABI e, por extensão, ao jornalismo.

Fazendo menção ao rebaixamento do Vasco da Gama para a segunda divisão, Maurício disse:
— Acredito que, onde o Jorge estiver, ele ajudará a soerguer o time. 

Poema

Presente ao ato, o chargista e cartunista Adail de Paula, membro do Conselho Fiscal da ABI, distribuiu o poema em homenagem a Jorge Vianna Bastos, com uma caricatura dele (reproduzida acima):

Personagem da história

Adail José de Paula

E aqui na ABI
Araujo Porto Alegre, setenta e um
O lugar onde permanece
Um personagem incomum:
Aquele que não esquece
Como testemunha da história
De um passado cheio de glória!…
Pois o décimo primeiro andar
Que tem bilhar, tem barbeiro
Tem salão de estar, restaurante
Teve época de muito brilhar
Com muita gente importante!
Seu funcionário mais antigo
Jorge Bastos de tantos amigos
Cá está, largos sorrisos
Desde mil novecentos e quarenta e cinco!…
Maneiro como ele só
Bela alma, boa cuca
Lembra casos de Bororó
Viu Villa Lobos na sinuca
Foi contínuo de Bastos Tigre:
Veja ilustre companheiro
o belo tipo faceiro
Que continua a nosso lado
Sendo agora a memória viva
Pois viu um bocado, tempo afora …
Nascido na Andre Cavalcante
Vivendo na Lapa desde menino
Ainda atento, ladino e elegante
Renova o humor que não dispensa
Aquela cortesia constante
Na Associacão Brasileira de Imprensa!