ABI, em parceria com o Centro Cultural Midrash, estreia Ciclo de Leituras Guarnieri 90 quarta-feira, 28/08 – 18H – 7ºandar

O CICLO DE LEITURAS GUARNIERI 90 direciona ao público em geral a produção teatral do dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, autor de obras icônicas do cenário cultural nacional, todas vocacionadas à difusão da Democracia, especialmente em momentos de instabilidade política e complexos debates sociais.
O Ciclo vai apresentar quatro peças da obra de Guarnieri, em leituras dramatizadas, numa homenagem ao grande artista que teria completado 90 anos no último dia seis de agosto.
A primeira leitura, que marca a estreia do Ciclo, é Ponto de Partida, escrita há 50 anos, apontada como “um marco decisivo na dramaturgia brasileira”. Para burlar a forte censura da época, Guarnieri utilizou uma vila da Idade Média como pano de fundo para falar sobre repressão a partir da morte do jornalista Vladimir Herzog. A música é de Sergio Ricardo, cujos filhos estarão homenageando o pai nesta apresentação: João Gurgel, no violão e a voz de Marina Lufti.
A atriz e jornalista Jalusa Barcellos fala sobre a experiência e emoções vividas com Ponto de Partida:
“Agradecer é preciso!… Sempre!!!!!!
Até porquê – e me perdoem os mais céticos de tudo -, não há como não acreditar em coincidências! Ao contrário. O mais sensato me parece que devemos crer que há, sim, um pré-roteiro existencial, redigido sabe-se lá em qual “redação”, que nos provoca os mais diferentes sentimentos, reações e até mesmo uma boa dose de incredulidade.
Se não, como explicar que 46 anos depois, eu volte a (re)encontrar Guarnieri e esse seu magistral “Ponto de Partida”, evocando o que há de melhor em minha existência. Sim, porque vivíamos os diabólicos anos da ditadura militar, quando Guarnieri consegue burlar a censura e estreia no Teatro de Arte Israelita Brasileiro, de São Paulo, em 1976, este texto irrepreensível. Uma parábola criada a partir da morte do jornalista Vladmir Herzog, brutalmente assassinado nas dependências do DOI CODI paulista, no ano anterior, e que foi tratada por seus algozes como um suicídio por enforcamento…
Esse texto precisava, portanto, chegar até os cariocas. E neste momento, já cursando a escola de teatro, mas longe ainda de ter uma segurança financeira, eu fazia essa ponte do jornalismo para o teatro, realizando assessorias de imprensa que, na época, eram chamadas de divulgação.
E foi assim, após ter viajado a convite da produção do espetáculo e ainda sob o impacto emocional do que acabara de assistir, que conheci pessoalmente o diretor de cinema Maurice Capovilla, coprodutor do Ponto de Partida, junto com Guarnieri e Zeca Zimmerman, sócios da Documenta Produções Artísticas que, junto com a Othon Bastos Produções Artísticas colocaram este espetáculo em cartaz.
“Ponto de Partida” estreou no Teatro João Caetano em abril de 1977, e um ano depois, mais precisamente em maio de 1978, Mayra Barcellos Capovilla aterrizou neste planeta. Obrigada a todos vocês que me propiciam hoje reviver toda essa emoção. Mais do que nunca é preciso que todos nós, brasileiros, jamais esqueçamos aqueles tempos. E que essa história recheada de resistência e de afetos nos sirva sempre de combustível. ”
Jallusa Barcellos (atriz e jornalista)

Elenco:
Direção – Marcio Januário
Atores: Jallusa Barcelos, Marcio Januario, Severo Cruz, Raiane Rodrigues e Luiz Washington.
Músicos: João Gurgel (violão) e Marina Lufti (voz)
Não perca! Evento gratuito.
Quando? 28 de agosto, às 18h
Onde? Associação Brasileira de Imprensa, ABI, no sétimo andar da Rua Araújo Porto Alegre, 71, Centro do Rio

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