ABI discute o espaço da dança na mídia


15/09/2011


O Seminário “ABI pensa a dança” teve início no último dia 13, na ABI. O objetivo do evento é discutir a mídia como espaço privilegiado de informação e valorização da dança. Jornalistas, pesquisadores e grandes nomes da dança participaram do debate, transmitido ao vivo pelo site www.idanca.net. O próximo encontro será realizado no dia 27. A iniciativa é da Diretoria de Cultura e Lazer da ABI.
 
A mesa de debates foi formada pela bailarina e coreógrafa Dalal Achcar, ex-diretora artística do Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a Professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Beatriz Cerbino, e a jornalista Giselle Ruiz, pesquisadora da Escola de Belas Artes da UFRJ. O jornalista Domingos Meirelles, Diretor Financeiro da ABI, mediou a discussão. O Presidente Maurício Azêdo também prestigiou o evento.
 
Na abertura do encontro Domingos Meirelles sublinhou o compromisso histórico da ABI como os movimentos culturais: 
—A ABI tem uma tradição cultural ao longo de toda a sua existência. Todos os movimentos de cultura, de uma certa forma, passaram pela ABI, que sempre foi frequentada por grandes nomes da música e da cultura. Nos anos 1940 era comum a realização de vernissages na ABI. Grandes nomes do teatro, como Mário Lago, Procópio Ferreira e Rodolfo Maia frequentaram a Casa. O compositor e maestro Villa-Lobos era nosso vizinho da Rua Araújo Porto Alegre e fazia parte da turma que jogava sinuca e bilhar no 11º andar, onde funciona o espaço social da ABI. A renomada pianista Guiomar Novaes também tinha um grande apreço pela ABI, para a qual doou o seu piano quando se aposentou. O piano está no palco do Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar, onde há cerca de 6 anos, Artur Moreira Lima se apresentou em um recital comemorativo ao aniversário desta Casa. Entre uma música e outra, Arthur Moreira Lima fazia comentários agradáveis, até que, muito emocionado, parou de tocar e revelou a forte emoção que sentia no palco da ABI, onde ele fez o seu primeiro recital aos 8 anos de idade. E disse isso com os olhos banhados de emoção.
 
Em seguida, Domingos Meirelles fez a apresentação dos participantes do debate:
—Dalal Achcar, bailarina e coreógrafa, foi Diretora Artística do Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e ocupou por duas vezes a presidência da Fundação Theatro Municipal. Dalal fundou a Associação de Amigos do Theatro Municipal, a primeira do gênero do País, e, na presidência da Fundação Theatro Municipal, criou a série Educação com Arte, com espetáculos exclusivos de ópera e balé para a plateia de estudantes da rede pública de ensino do Rio de Janeiro.  Dalal criou também o primeiro curso superior de formação de professores de dança no País. Foi condecorada pela rainha Elizabeth II com a Order of the Brittish Empire, e pelo Ministério da Cultura com a Ordem do Rio Branco e a Ordem do Mérito Cultural. O Governo do Distrito Federal a agraciou com a Medalha do Mérito da Alvorada. Nossa outra debatedora é Beatriz Cerbino, Professora da UFF, no curso de Produção Cultural e do Programa de Pós Graduação em Ciência da Arte. Graduada em Licenciatura em Dança, pela Univercidade, Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo, e Doutora em História pela UFF. Também faz parte da mesa de debates, Giselle Ruiz, formada em Jornalismo na PUC-RJ, pesquisadora do Centro de Cultura e Ação da Rede Globo. Escreveu vários artigos para jornais e revistas e especializou-se em balé clássico.
 
Iniciando o debate, Dalal Achcar ressaltou a importância das ações direcionadas à preservação da memória histórica e cultural no Brasil:
—Um país que não tem memória, não tem história. Os jovens não sabem quem foi Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck. As pessoas têm informação demais sobre o desenvolvimento tecnológico em detrimento de outros valores humanos, o que cria um problema especialmente para a juventude que vive o hoje como se não houvesse o amanhã. Neste cenário de imediatismo falta espaço para a memória. Em 40 anos de carreira consegui reunir um grande acervo e há cerca de 4 anos estou lutando para doá-lo. Doação no Brasil é muito difícil, porque para manter tem que ter dinheiro e o País não tem o hábito de manutenção. Já recebi muitos pedidos de pessoas interessadas neste volume de informação, entre as quais pesquisadores e historiadores. O acervo reúne 44 mil clippings de jornais sobre a história da dança no Brasil, 3 mil livros, 2 mil revistas e outras publicações, músicas e partituras. Estou lutando para digitalizar o material e depois criar um centro de cultura e pesquisa da dança. É preciso cultivar a memória.
 
Dalal Achcar falou sobre o papel da crítica e o espaço dedicado às artes na imprensa:
—No mundo inteiro o número de críticos de dança está reduzindo. Havia muitos críticos de dança quando comecei a estudar balé, assim como havia vários jornais. Atualmente, no Rio de Janeiro existe um jornal importante e os demais estão desaparecendo. No meu acervo, por exemplo, há material de cinco jornais: Diário de Notícias, Última Hora, Jornal do Brasil, O Globo e Correio da Manhã. Em todos eles, inclusive na Tribuna da Imprensa, havia críticos de dança, música, ópera, todos especializados. Hoje, com pequenas exceções, as pessoas que têm espaço para escrever críticas ou artigos, em geral, são jovens estagiários. Porque o jornal não quer pagar salário, e estes jovens estagiários saem da faculdade sem vivência, sem leitura. Eles não sabem sobre o que estão escrevendo, não sabem a origem do balé russo, de onde que veio. Vão lá e entrevistam como se entrevista um cantor de rock, que chegou de passagem por aqui. A dança, a música e o teatro são inerentes ao processo da nossa civilização, da nossa cultura, não são coisas passageiras. De vez em quando o jornal dá mais espaço e convida uma pessoa que sabe escrever, que entende do assunto. Outras vezes você vê observações e críticas incompreensíveis. Excetuando as grandes obras já conhecidas, clássicas ou contemporâneas, é muito difícil fazer a crítica, justamente porque estamos vivendo um período de desconstrução de tudo aquilo que a sociedade tinha estabelecido, em busca de um novo milênio, de uma nova forma.
 
Ainda sobre a crítica, Dalal sublinha as mudanças de paradigma no cenário global:
—Tudo o que está inserido dentro da arte e da cultura dos séculos 19 e 20 está sendo desconstruído. Estamos vivendo um período muito difícil para a crítica. Criticar deve ser uma maneira para ajudar a construir caminhos. Já tivemos uma crítica que derrubava uma temporada. Uma crítica da Broadway, por exemplo, poderia acabar com um espetáculo. Hoje em dia, as críticas podem ser muito ruins, mas a obra continua fazendo sucesso, a massa vai assistir. Isso quer dizer que o crítico é ruim? Não, quer dizer que o crítico tem que perceber que estamos vivendo outros tempos, é preciso entender como as pessoas querem ver coisas.
 
Dando seqüência ao debate, Domingos Meirelles chamou a atenção para os possíveis estereótipos que cercariam a dança clássica no Brasil:
—Pergunto se a dança clássica seria vítima de um certo preconceito por parte do poder, sendo vista como um luxo, uma coisa da alta burguesia, de refinamento. Há algum tempo, eu estava fazendo uma reportagem sobre um outro assunto, quando fui levado ao Teatro Bolshoi, em Santa Catarina. Fiquei perplexo com as instalações. Eu não acreditei que estivesse no Brasil quando entrei naquele salão. A senhora acha que o Estado teria uma parcela de culpa neste quadro desalentador da dança no País?
 
—As grandes obras clássicas têm público certo, vivem lotadas. Um país do tamanho do Brasil tem que atender a várias demandas, como educação e saúde, que são básicas para que o povo possa viver e pensar. Não é só no Brasil, mas em todos os países em desenvolvimento a cultura é o último ponto a ser promovido. Acho que a nossa sociedade é muito alienada, não tem cultura suficiente, e não é apenas culpa do Governo, porque os nossos empresários pensam que é mais fácil fazer uma Lei Rouanet para quem você já sabe que vai ser sucesso, do que dar oportunidade para um jovem numa companhia de dança ou de música. Você não pode arriscar, afinal os acionistas estão querendo resultados. Antigamente havia a figura do mecenas, pessoas que tinham gosto pela música, pintura ou dança, que davam dinheiro, participavam dessa comunidade. Hoje em dia, os mecenas são os jovens que vão tomar conta das empresas e têm que apresentar resultados para os acionistas, são cobrados o tempo todo. Por isso não surgem coisas novas. Surgem apenas tecnologias novas. Nós atravessamos uma década com espetáculos nos quais o destaque eram os efeitos técnicos e visuais. Na Broadway, o espetáculo mais humano foi o Rei Leão, com um trabalho de corpo e texto maravilhoso.
 
Apesar dos impasses, Dalal Achcar acredita na ampliação dos projetos de incentivos à dança no Brasil e no apoio ao desenvolvimento dos artistas:
—Apesar das dificuldades, estamos retornando à dramaturgia, à essência do homem Sou muito otimista e acho que o Brasil vai ocupar na dança, ainda neste século, a projeção da Rússia nos séculos 19 e 20. Temos valores, talentos e criatividade. Precisamos de apoio e de mais informação. Com isso, o Brasil vai obter na dança o mesmo sucesso do futebol. Precisamos nos preparar para educar os jovens, abrindo os museus, por exemplo. Na última exposição de Monet, tivemos longas filas de estudantes. O Rio de Janeiro é uma cidade voltada para o turismo cultural e o lazer. Se soubermos aproveitar esta oportunidade, seremos o centro cultural mais importante da América Latina, que até o momento é Buenos Aires. Há mais de 40 anos os argentinos fazem exposições em Nova York, Paris e Londres. Os brasileiros estão aparecendo agora. Espero ver o Brasil chegando lá.
 
Em seguida, Beatriz Cerbino destacou a importância da imprensa como fonte de pesquisa para a história da dança no Brasil, e também lamentou a escassez de críticos de dança no País:
—Acho muito importante num evento como este fazermos uma reflexão sobre a questão da memória. O projeto virtual wikidança é muito interessante neste sentido, pois reúne nomes importantes da dança no Brasil. Além da falta de projetos de resgate da memória, há também escassez de críticos de dança. No meu doutorado e na minha pesquisa atual no CNPq, analiso as críticas de dança como fontes de construção dessa memória. É fundamental entender o olhar que lançamos para as críticas, para matérias e outros textos publicados nos periódicos cariocas nas décadas de 40 e 50. Esse é o meu recorte temporal, mas precisamos olhar para todas as décadas. É fundamental acessarmos esta parte da história para entendermos o que é a dança hoje. Na década de 40, na cidade do Rio de Janeiro você tinha às vezes dois ou três críticos discutindo o mesmo assunto. Era maravilhoso ver o debate de ideias para entender o repertório e construir um olhar sobre a dança, estabelecendo um fator de referência.
 
Beatriz também assinalou a relevância da crítica para o incentivo à pesquisa sobre a arte brasileira e resgatou nomes que marcaram o contexto da crítica sobre a dança no Brasil:
—Os jornais e as revistas são fontes fundamentais para os pesquisadores e outros profissionais que se debruçam sobre a história  da dança no Brasil. Jaques Corseuil foi o primeiro a se especializar em dança no Brasil.Ele escrevia para O Globo e outras dezenas de jornais e revistas importantes, como Cena Muda, Brasil Musical, Cinearte, Correio da Manhã, Diário Carioca, Folha Carioca. Jacques Courseil atuou em diferentes veículos e periódicos, mas sempre com uma escrita muito clara, muito importante para a construção do pensamento em dança, que naquele momento trabalhava com a ideia de um bailado nacional, além do parâmetro do balé russo, e que depois deu lugar a outros paradigmas.Trabalhei com matérias de jornais e com as críticas a partir dessas questões que ajudam a entender a identidade de um corpo nacional, de um corpo individual e do corpo coletivo para aquele momento. Identifiquei três diferentes maneiras que Jacques Courseil tinha ao escrever sobre dança: a crítica, quando ele falava sobre os espetáculos que tinha assistido; as matérias sobre a visita  de um acompanhante especial ou de determinado bailarino; e o perfil, que ele chamava de figuras do balé, ou figuras da dança.
 
De acordo com Beatriz, Jacques Courseil utilizou a imprensa para apresentar bailarinos estrangeiros e nacionais, entre os quais os novos valores do balé nacional, em sua maioria jovens da alta sociedade carioca.
—A fala dele foi fundamental para o processo de formação e informação do público de que a dança era uma arte séria. Ele costumava dizer que não era para ficar mostrando as pernas no palco, e sim para mostra a arte. As pessoas que escreviam sobre a dança, também faziam matérias sobre ópera, teatro. Jacques era o único no Rio e no Brasil que só escrevia sobre dança, defendendo o talento dos bailarinos nacionais frente aos estrangeiros, e questionando as autoridades políticas sobre a falta de incentivo à arte. O trabalho dele, e o de outros grandes jornalistas, foi fundamental para o entendimento da arte brasileira. Hoje no Brasil produzindo regularmente textos sobre dança temos apenas a Silvia Soter, no Globo, a professora Helena Katz, no Estadão, e o Marcelo Avellar, no Estado de Minas. No passado, apenas no Rio de Janeiro atuavam mais de 20 críticos.
 
Domingos Meirelles também acentuou o papel de destaque da crítica de dança entre 1920 e 1940:
—Neste período, os grandes teatros, como o Fênix e o Municipal, não só para espetáculos de dança, mas também para temporadas, tinham um lugar marcado para o crítico teatral. Na almofada do encosto da poltrona lia-se “imprensa” e “crítico”. E havia uma fileira de poltronas sempre em locais privilegiados, destinados exclusivamente à crítica teatral. Eu digo isto porque gosto de História e o recorte que estudo é o da República Velha, de 1910 a 1930. A professora Giselle Ruiz vai comentar sobre trechos de críticas jornalísticas de dança na década de 70, que constam na sua tese de doutorado e comparar com as críticas veiculadas na imprensa contemporânea.
 
—Eu me sinto de alguma forma voltando às minhas origens, porque antes de me especializar em dança eu me formei em Comunicação e cheguei a trabalhar como jornalista durante um bom tempo. Minha pesquisa atual é estabelecer relações entre as artes visuais e as artes cênicas. No meu doutorado, como disse o Domingos Meirelles,  trabalhei o período dos anos 1970, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um período de grande ebulição, um momento de ditadura, em que os artistas estavam se rebelando contra tudo. Na minha pesquisa no mestrado resgatei a memória de um grupo de dança contemporânea no Rio de Janeiro na década de 70, que foi o Grupo Coringa, dirigido pela coreógrafa uruguaia Graciela Figueroa, de onde saíram talentos como Débora Colker e Mariana Muniz. Desviei um pouco da minha pesquisa atual e voltei para essas pesquisas anteriores para falar sobre críticas e matérias jornalísticas dos anos 70, época em que a dança contemporânea estava engatinhando.
O espaço que a dança contemporânea tinha na mídia era muito grande, as críticas eram longas, verdadeiras críticas ensaísticas, verdadeiras resenhas. Em 1981, por exemplo, foi publicada uma reportagem enorme no Jornal do Brasil, que dedicou duas páginas a entrevistas com artistas e coreógrafos que participavam de um movimento das companhias independentes de dança no Rio de Janeiro. A revista Realidade, os jornais Última Hora, Diário de Noticias, O Globo, Tribuna da Imprensa, Jornal Opinião, entre outros veículos, noticiavam eventos relacionados à dança.
 
Giselle Ruiz falou também sobre as características do relacionamento entre críticos e artistas nos anos 1970.
­—Neste período os críticos tinham uma cumplicidade muito grande com os artistas. Era um período de ditadura, de repressão muito forte. No Museu de Arte Moderna tinha um movimento de contracultura e de conteúdo político muito forte, talvez, por isso os críticos eram tão próximos dos artistas, que criavam seus trabalhos nos espaços do Museu, não apenas artistas plásticos, mas também diretores de teatro, coreógrafos, bailarinos. E os críticos circulavam por ali e acompanhavam o trabalho dos artistas muito de perto, e até protegiam os artistas quando, eventualmente, alguma exposição era alvo de alguma censura mais violenta, ou era fechada. Um maior interesse intelectual e ético da crítica no Brasil foi representado por Mário Pedrosa, já falecido. É interessante ver o espaço que os jornais davam a essas reportagens e às críticas de arte em geral.
 
Giselle chamou a atenção para a ausência de políticas públicas direcionadas às artes no País e a responsabilidade da crítica no contexto social:
—Dalal Achcar falou sobre o encolhimento da crítica jornalística nas últimas décadas. Será que este problema é um problema exclusivo da crítica? Que outras formas de circulação além dos jornais ganharam repercussão sobre arte? Como a escrita da crítica e a sua maneira de dialogar com os processos de criação se transformaram? O professor e crítico Luiz Camillo Osório, curador do MAM-RJ, diz que a crise da crítica tem relação direta com a crise da política, atividades voltadas para o debate, para a pluralidade de vozes, e que toda recepção é uma forma de crítica. Se há uma crise da crítica jornalística não se pode perder de vista a necessidade do discernimento, da responsabilidade do diálogo, da negociação de sentidos associados ao senso crítico, independentemente de onde e como ele se realiza. Se a arte tem mudado radicalmente, desde pelo menos a década de 60, é fundamental que a crítica também se ponha em questão, revendo seus métodos e interesses e formas de disseminação pública. A crítica é escrita para o público, não a serviço da arte, há de se pensar a crítica deslocando-a da posição de juiz, que é a maneira tradicional de ver o crítico, para a de testemunha, que deve estar atenta aos fatos para trazê-los ao público.
 
Antes do encerramento do encontro, o público participou com perguntas aos palestrantes sobre o tema central.
 
A segunda edição do evento “ABI pensa a música” será realizada no próximo dia 27, com a presença da jornalista Helena Katz, do Estado de S. Paulo, a pesquisadora Joana Ribeiro (Unirio), o coreógrafo Gustavo Ciríaco, e Nayse Lopes (site idanca), com a mediação do Diretor de Cultura e Lazer da ABI, Jesus Chediak. O tema da mesa será “Crítica de dança e novas relações entre dança e mídia”.
 
 
 
 
 

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