ABI denuncia crescente violência contra jornalistas


14/02/2020


A nota oficial da ABI denuncia a grave situação de ameaça permanente à liberdade de imprensa no Brasil e à integridade física e moral dos jornalistas. Léo Veras foi mais uma vítima da violência e do arbítrio instalado no país. “Até quando?”, indaga a ABI, com indignação.

Léo Veras, 52 anos, jornalista atuante, mantinha o site de notícias Porã News e, regularmente, publicava matérias sobre o tráfico de drogas na região de Pontaporã, fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai – um território marcado por vitimizações à imprensa e mortes atribuídas ao narcotráfico.

Léo Veras foi assassinado em casa, na noite de quarta-feira (12), quando jantava com a família. Dois homens encapuzados invadiram o local e efetuaram mais de dez tiros.

O jornalista já havia denunciado ameaças contra ele. Começou a ser ameaçado justamente por investigar o assassinato de outro jornalista, o paraguaio Carlos Arcaza, na cidade de Juan Pedro Caballero, em 2013. Mensagens que recebera no celular indicaram que Veras estaria numa lista de pessoas juradas de morte pelo narcotráfico. Na época, chegou a receber proteção policial, mas continuou a fazer o seu trabalho. Na ocasião, a ABI já havia denunciado o caso.

No ano anterior, dois jornalistas do Jornal da Praça, de Pontaporã, haviam sido assassinados em um intervalo de nove meses.

“Mais uma vítima dos ataques contra os trabalhadores da comunicação, neste tristes tempos de cerceamento da liberdade de expressão, Léo Veras merece mais do que condolências”, manifestou em nota o Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso do Sul.

O Sindicato dos Jornalistas do Paraguai lembrou que esse foi o 19º assassinato de profissionais da imprensa em menos de três décadas. “Vemos que mais uma vez os grupos criminosos tentam a pagar a voz dos jornalistas através das balas e da violência, perante a cumplicidade de um Estado totalmente infecionado pela máfia e a narcopolítica. Exigimos às autoridades que de imediato garantam a vida e a segurança dos colegas da área, além de conseguir esclarecer este terrível crime e julgar devidamente os culpados”.

O contexto de impunidade é desalentador. Calcula-se que apenas 25% das ocorrências dos crimes contra jornalistas que atuam em fronteiras tenham responsáveis identificados e julgados.

O Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa, edição 2019, divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), em janeiro último, revela que o número de casos de violência contra jornalistas e veículos de comunicação no Brasil, subiu 54,7% de 2018 para 2019. Ou seja, no primeiro ano do governo Bolsonaro, foram registrados 208 casos contra 135 no período de comparação. Entre os 108 registros, 114 foram “descredibilização” da imprensa e 94 de agressões diretas a profissionais.

O relatório destaca, ainda, que em 2019 foram dois registros de mortes: os jornalistas Robson Giorno e Romário da Silva Ramos, que atuavam em Maricá, RJ.