ABI apóia traslado de restos mortais de Fagundes Varela


16/11/2009


A ABI aderiu à Comissão de Honra de transladação dos restos mortais do poeta Fagundes Varela do cemitério de Maruí, em Niterói — onde Fagundes Varela morreu em 18 de fevereiro de 1875 —, para a cidade de Rio Claro, no interior fluminense, onde o poeta nasceu a 17 de agosto de 1841, na fazenda Santa Rita. O convite foi feito pelo Prefeito Raul Fonseca Machado.

De acordo com o Prefeito Raul Machado a transferência dos restos mortais do poeta para Rio Claro é uma vontade manifestada desde o seu primeiro mandato (1989-1992), e que agora começa a tomar corpo:
— Ainda estamos em conversação com o Prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, para realizarmos a transferência, mas decidimos antecipar um passo e convocar algumas personalidades de destaque no cenário nacional, para integrarem a Comissão de Honra que cuidará da transferência.

Além de Maurício Azêdo, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), também foram convocados a integrarem a Comissão Cícero Sandroni, Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), cuja cadeira nº 11 tem como patrono Fagundes Varela; Jorge Fernando Loretti, Presidente da Academia Niteroiense de Letras (ANL); e Lucy Figueira Nery e seu filho Daniel Nery Zaccaro, trineta e tetraneto de Fagundes Varela, que são os únicos descendentes diretos do poeta.

A Comissão de Honra irá atuar na intermediação das negociações de transferência junto ao Governo de Niterói, decidir a data do translado e definir como será realizada a solenidade e a criação do memorial e da herma que abrigará os restos mortais do poeta.

Fagundes Varela também atuou na imprensa na época em que cursava a Faculdade de Direito de São Paulo. Colaborou com o suplemento literário Revista Dramática, comandada por Peçanha Povoa, em que também atuaram Joaquim Tito Nabuco de Araújo e Salvador de Mendonça.

Em Rio Claro, em agosto, mês em que o poeta nasceu, todo ano é realizada a Semana Fagundes Varela. A homenagem inclui concurso de poesia e representações teatrais sobre a vida do homenageado, que já contaram com as participações dos atores Paulo Goulart e Cássia Kiss. Na Assembléia Legislativa da cidade é realizada sessão solene com outorga da Medalha do Mérito Fagundes Varela a personalidades que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento de Rio Claro, como já aconteceu com os jornalistas e escritores Marcelo Câmara e Emmanuel de Macedo Soares, especialistas na obra do poeta.

Breve biografia

Filho de Emiliano Fagundes Varela e Emília Andrade, o poeta Luís Nicolau Fagundes Varela aos 11 anos de idade percorreu com a família os sertões do Brasil até se estabelecer na cidade de Catalão (GO). Devido às sucessivas transferências do pai, magistrado em Direito, Fagundes Varela residiu nas cidades fluminenses de Angra dos Reis e Petrópolis, onde concluiu os estudos nos cursos primário e secundário.

Em 1859, mudou-se para São Paulo e três anos depois matriculou-se na Faculdade de Direito, mas nunca chegou a concluir o curso, devido à dedicação à sua vocação literária. No ano anterior, publicou “Noturnas”, seu primeiro livro de poesias. Depois vieram as obras “O estandarte auriverde” (1863), “Vozes da América” (1864) e “Cantos e fantasias” (1865).

Ainda em São Paulo, casou-se com a artista circense Alice Guilhermina Luande, com quem teve o primeiro filho, Emiliano, morto aos três meses de idade. A tragédia acentuou sua tendência à boemia e ao alcoolismo e o inspirou a compor o poema “Cântico do calvário” (1863), considerado um dos mais importantes de sua obra.

Com a morte da primeira esposa, retornou a Rio Claro e selou matrimônio com Maria Belisária de Brito Lambert, com quem teve duas filhas e um filho, também morto precocemente. Em 1870, passou a viver em Niterói, onde morreu de apoplexia cinco anos mais tarde. Seus restos mortais se encontram atualmente no Cemitério de Maruí.

A bibliografia de Fagundes Varela, patrono da cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras, ainda inclui “Cantos meridionais” (1869), “Cantos do ermo e da cidade” (1869), “Anchieta ou evangelho na selva” (1875), “Cantos religiosos” (1878) e “Diário de Lázaro” (1880).