Abert e RSF repudiam crime em MS


10/10/2012


A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou comunicado nesta terça-feira, dia 9, questionando “o posicionamento de muitos meios de comunicação do interior do país”, em razão do assassinato de Luis Henrique Georges, conhecido como Tulu, proprietário do Jornal da Praça, e de Neri Vera, um de seus seguranças, no último dia 4, em Ponta Porã(MS).
 
Para a ONG, este crime evidencia a violência da campanha eleitoral e ressalta, mais uma vez, a elevada insegurança a qual o jornalista está exposto em determinadas regiões do País.
 
De acordo com a RSF, nos veículos de comunicação de propriedade de políticos os jornalistas frequentemente se encontram expostos a ajustes de contas.
 
A RSF alertou as autoridades brasileiras para que considerem a possibilidade de queima de arquivo como motivação deste crime, já que Luis Henrique Georges publicou artigo desfavorável a um dos candidatos municipais de Ponta Porã. A ONG pediu ainda que seja feita uma “reflexão profunda” sobre o problema no Congresso Nacional.

Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) considerou extremamente grave o assassinato de Luiz Henrique Georges. O texto da entidade tem o seguinte teor: “Este é o sexto crime cometido contra um profissional ligado à atividade jornalística neste ano no Brasil. Georges assumira o jornal em fevereiro, quando o antigo proprietário, Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, foi morto.
 
A vítima estava em um carro acompanhado de dois homens. Uma Blazer se aproximou e um dos ocupantes disparou cerca de 30 tiros. Georges e Nery Vera morreram no local. O terceiro ocupante do veículo, um paraguaio, foi levado para um hospital. O caso deve ser investigado com rigor pelas autoridades do Estado, a fim de esclarecer a motivação e identificar os autores da ação.
A impunidade em crimes contra imprensa gera autocensura e acaba por comprometer o exercício pleno da liberdade de expressão, o que é inconcebível em uma sociedade democrática.
 
Daniel Pimentel Slaviero
Presidente”
 
Inquérito
 
O delegado Odorico Mesquita, que investiga o assassinato do jornalista Paulo Roberto Cardoso, editor do Jornal da Praça, ocorrido em 12 de fevereiro, em Ponta Porã, informou que dez pessoas já prestaram depoimento no inquérito e que foram descartadas as hipóteses de crime passional e dívida financeira.
 
Paulo Roberto Cardoso, conhecido como Paulo Rocaro, foi morto por volta das 23h30, na Avenida Brasil, próximo à fronteira com o Paraguai, mesmo local onde Luis Henrique Georges foi executado. Paulo dirigia um carro de passeio quando foi surpreendido por homens em uma motocicleta, que efetuaram os disparos. Mesmo ferido, o jornalista saiu do carro, pediu ajuda em um hotel, sendo socorrido por uma guarnição do Corpo de Bombeiros, mas morreu no hospital.
 
*Com RSF e Abert.