22/02/2021
A liberdade a partir da filosofia
Múcio Aguiar*
“O homem está condenado a ser livre”. Com a frase, Sartre defende que o homem é livre e responsável por tudo que está à sua volta. Somos responsáveis por nosso passado, nosso presente e nosso futuro. De maneira positiva, a liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. É a equação entre a liberdade e a vontade que o homem encontra a sua libertação – lembranças da aula de filosofia no Mosteiro de São Bento de Olinda.
O filósofo RudolfSteiner em sua publicação Die Philosophie der Freiheit,traduzida para o português,dividiu, inicialmente, o problema da liberdade em liberdade pensar e liberdade da ação. Ele coloca que a liberdade interior é conseguida quando criamos uma ponte entre apercepção, que se refere à aparência externa do mundo, e nossa cognição, que nos dá acesso à estrutura interior do mundo; e que a liberdade exterior surge quando criamos uma ligação entre nossos ideais e os limites da realidade exterior, deixando nossas tarefas inspirarem-se pelo que ele denomina fantasia moral. Para ele, a liberdade interior e exterior somente é alcançada quando estão unidas.
Santo Agostinho vai de contra Steiner, pois para ele a liberdade interior é um bem maior do que todos os bens exteriores. O homem alcança a liberdade através de sua própria razão sem a necessidade de conciliação dos fatores externos, como os bens materiais. O que me permite ser livre não é a capacidade de comprar algo em um shopping, mas sim a capacidade de sair do shopping sem comprar nada por ter na liberdade a certeza de que tudo que tenho já é suficiente.
*Múcio Aguiar é presidente da Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP), membro do Conselho da ABI, e doutoramento em Ph.D em arqueologia pela Universidade de Coimbra (Portugal).