13/06/2006
José Reinaldo Marques
23/06/2006
Há 18 anos trabalhando na Agência Estado (AE) — após passagem pelo Diário Popular —, Mônica Zarattini é formada em História na USP e começou a carreira de fotojornalista como freelancer na imprensa sindical, em 1981, cobrindo a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva para Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Na mesma época, a reportagem que fez sobre um ato público pela anistia lhe rendeu a primeira foto de capa, publicada na Tribuna Metalúrgica:
— Desde que estudei Fotografia no segundo ano colegial, me apaixonei. Adorava não só fotografar, mas também revelar e fazer ampliação. Vivíamos um momento político muito especial, e eu queria registrar tudo, mostrar toda a luta por liberdades democráticas. Só me afastei um pouco no período em que, depois de me formar, em 86, dei aula de História para o ensino médio e fundamental.
Depois que decidiu dedicar-se integralmente à fotografia, Mônica Zarattini — ou simplesmente Zara, como é chamada na redação — mereceu prêmios — como o Embratel, o Kodak e o Vladimir Herzog — e participou de diversas mostras individuais e coletivas — com destaque para “O Brasil na virada do século: perspectiva para o próximo milênio”, no MAM de São Paulo, em 99.
Sobre a qualidade do fotojornalismo nacional, Zara diz que é uma das melhores do mundo e, entre os muitos excelentes profissionais do País, destaca Evandro Teixeira, que considera “emblemático, uma verdadeira lenda”.
— Ele tem uma carreira maravilhosa, que se mantém até hoje. O que mais admiro nele é o seu jeito jovem de ser, sua garra. A cada matéria, é como se aquela pauta fosse a primeira de sua vida. Evandro passa uma energia positiva muito forte, que se reflete em todo o seu trabalho.
Beleza e desvario
Paulistana do Bexiga (bairro boêmio da capital paulista), Mônica Zarattini acha um desafio fotografar a cidade “quando se quer mostrar as belezas que quase ninguém vê”. Por sua vez, a editora do Caderno Cidades do Estadão, Márcia Glogowski, diz que Zara “é o retrato de São Paulo, desvairada como sua paulicéia” e apresenta a cidade “no seu âmago, com suas formas, cores, beleza e poesia” — o comentário foi feito na apresentação da mostra “Paulicéia 2000”, na qual a fotógrafa mostrou sua visão particular da terra em que nasceu.
Embora fotografe de tudo no dia-a-dia, Zara não esconde que a cobertura política a atrai:
— Como leio bastante, estou sempre por dentro dos “conchavos”. Gosto muito também de fazer fotos de esportes; congelar o momento único de um movimento esportivo é fantástico. Mostrar para o leitor aquilo que os olhos humanos não podem ver, ainda mais para os que estão nas arquibancadas, é muito gratificante.
Quando tem chance, ela também gosta de desenvolver temas específicos e pautas próprias, como a que a levou a Cuba para fazer uma reportagem sobre a produção de charutos:
— Acabei escrevendo três matérias para o Estadão e outra, de seis páginas, para a revista Gowhere, que ainda rendeu uma exposição fotográfica em parceria com o Cristiano Mascaro, que tem um trabalho maravilhoso.
Sobre as coberturas que mais marcaram sua carreira, cita as Paraolimpíadas em Atlanta (1996) e os 80 anos da morte de Euclides da Cunha (1989):
— Refizemos todo o caminho da Quarta Expedição, que acabou com o exército de Antonio Conselheiro no sertão de Canudos.
Entre as mais difíceis, destaca a cobertura da chegada da regata Whitbread em 1998, quando os organizadores do torneio colocaram a imprensa nacional e internacional num barco com um timoneiro completamente bêbado:
— Por pouco não afundamos, embaixo de chuva. A cobertura foi bem complicada, mas eu fui feliz. Já na largada enfrentamos problemas: dividimos o pagamento de um helicóptero com a Agência Reuters, eu tinha o fechamento do Estadão, muito cedo, e o outro fotógrafo não queria que o piloto pousasse para eu descer, como havíamos combinado. Quase tive um troço, ameacei pular do helicóptero, até pararmos no meio da praça, em São Sebastião.
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