29/11/2006
A jornalista Viviane Medeiros deixou o cargo de repórter local, no Rio de Janeiro — onde atuou por dez anos — para ser repórter de rede em uma afiliada — no caso, a de São Luís, no Maranhão. Em relação à rede, ela explica, a reunião de pauta funciona como uma discussão sobre qual matéria será oferecida a cada um dos telejornais nacionais da Rede Globo. Segundo Viviane, as pautas podem partir dos produtores, dos repórteres, dos editores… O processo é aberto a todos da redação:
— As pautas que vamos efetivamente sugerir para os jornais são escolhidas por mim e pela produção com base no perfil de cada telejornal — “Bom-dia, Brasil”, “Hoje”, “Jornal nacional”, “Jornal da Globo”, “Fantástico”, “Globo repórter”, “Globo rural”, “Mais você”, “Globo esporte”, “Esporte espetacular”, “Globonews especial” etc. Por causa disso, não temos um horário definido para a reunião de pauta aqui na TV Mirante. Mas sempre que temos uma idéia, uma sugestão, nos reunimos, eu e os produtores, para discuti-la. Quando a pauta é aprovada, damos início à produção.
Como também já exerceu a função de produtora, ela gosta de participar do processo, de conversar com as pessoas pelo telefone antes de marcar a entrevista pessoalmente, para ter uma idéia do que vai encontrar na hora da gravação.
— Quando tenho mais tempo, gosto de conhecer o entrevistado pessoalmente, bater um papo com ele antes do dia da gravação, visitar o local onde ela será feita… Assim, tenho uma idéia do tipo de imagem que vamos conseguir. É claro que, quando se trata de um factual, isso tudo não é possível. De qualquer maneira, é importante estar aberto para as surpresas que podem surgir durante a reportagem e ter jogo de cintura para lidar com os imprevistos, até porque nem sempre a produção consegue viabilizar tudo que a gente gostaria para o VT.
Para Viviane, a mistura dos diversos papéis e funções na redação é um fato normal.
— É claro que cada profissional tem um trabalho a fazer, mas, hoje em dia, acho meio ultrapassado falar de cada uma dessas funções separadamente. Todos acabam fazendo um pouco de cada coisa. É claro que, na hora de editar a matéria, os editores de texto e de imagem vão para a ilha de edição juntos. Na hora de decidir para onde a equipe de reportagem deverá ser deslocada, o chefe de Reportagem toma a decisão depois de ouvir o apurador. Da mesma maneira, pauteiros e produtores irão discutir, junto com os editores do jornal e o chefe de Reportagem, as sugestões de pauta e como elas serão viabilizadas. Mas achar que cada um desses profissionais tem uma função estanque me parece um equívoco na televisão atual.
Além dos profissionais da redação, Viviane Medeiros destaca ainda os repórteres-cinematográficos, operadores de luz e áudio, engenheiros e técnicos responsáveis por manter o veículo no ar:
— Todos têm, de fato, um papel fundamental no processo jornalístico de uma emissora e, muitas vezes, esses papéis se combinam, se misturam.
No caso da equipe que vai para a rua fazer a reportagem, repórter, repórter-cinematográfico e operador têm responsabilidades equivalentes e devem trabalhar afinados para conseguir o melhor material. Muitas vezes, enquanto o repórter está apurando uma informação com o entrevistado, o cinegrafista está de olho em um detalhe que pode render uma boa imagem. Da mesma maneira, o operador deve estar atento ao que acontece em volta e que pode ser importante para a matéria:
— Lembro-me de um episódio em que cobríamos uma visita às obras de expansão do metrô em Copacabana. Na hora de gravar a “passagem” (momento em que o repórter fala diretamente para a câmera), o cinegrafista me perguntou o que eu pretendia dizer. Mostrei minha fala e ele pareceu meio contrariado. Meu texto não permitiria que ele fizesse o movimento de câmera que estava imaginando. A idéia dele era muito melhor que a minha e, claro, mudei o meu texto imediatamente para adequá-lo ao que o repórter-cinematográfico queria fazer. Nem é preciso dizer que o resultado ficou maravilhoso! Acho que histórias como esta mostram a importância dos profissionais de TV que não aparecem para o telespectador, mas que são fundamentais no exercício da reportagem.