30/12/2020
A Década de Ouro dos lançamentos de livros de futebol no Ceará (2011-2020)
por Bruno Balacó – Jornalista, integrante do projeto ABI Esporte
A segunda década do século XXI chega ao fim como um dos períodos onde mais se produziu livros sobre futebol no estado do Ceará em todos os tempos. De 2011 a 2020, foram publicadas pelo menos 35 obras impressas (conforme levantamento apresentado ao fim do texto), que dão conta de uma variedade de temas, que retratam a história de clubes, personagens e campeonatos realizados em solo cearense, a memória dos principais estádios e a trajetória do futebol de mulheres. Em média foram, portanto, mais de três livros lançados por ano. Um dos fatores que explica esse apogeu de publicações reside no fato de, no transcorrer dos últimos 10 anos, vários acontecimentos de peso marcaram o cenário esportivo local.
Nesse período, a cidade de Fortaleza foi palco, por dois anos seguidos, de duas grandes competições internacionais: sediou três jogos da Copa das Confederações de 2013 e seis partidas da Copa do Mundo de 2014. Dentro de campo, os times cearenses também viveram (e seguem vivendo) momentos marcantes: os dois principais clubes do estado se tornaram centenários, o Ceará em 2014 e o Fortaleza em 2018. Por consequência, o histórico duelo entre as equipes, conhecido como Clássico-Rei, também completou 100 anos.
Além disso, Ceará e Fortaleza viraram presença constante na Série A do Campeonato Brasileiro e conquistaram títulos regionais (3 Copas do Nordeste) e nacionais (o Fortaleza foi campeão da Série B em 2018 – ano em que o Ferroviário foi também campeão brasileiro da Série D. Outras equipes locais, como Guarany de Sobral e o Icasa, também viveram momentos gloriosos. Tudo isso, somado ainda ao trabalho de entidades como o Centro Cultural do Ceará Sporting Club e o fato de algumas pesquisas de conclusão de curso de graduação e mestrado terem se tornado livro, ajudou a fomentar esse mercado.
Entre as 35 produções, destaque para as obras que contam as histórias dos clubes de futebol. Além dos livros oficiais do centenário do Ceará (“100 anos de paixão”) e do Fortaleza (“Leão 100 anos”), há obras de referência pela profundidade de pesquisa em dados históricos, como “Assim se construiu um campeão: narrativa das conquistas do maior campeão cearense” (sobre o Ceará), “Clube de glória e tradição” (sobre o Fortaleza) e “Almanaque do Ferrão” (sobre o Ferroviário). Calouros do Ar, Guarany de Sobral, Icasa e Tiradentes também tiveram histórias contadas em livro.
As biografias de personagens que marcaram época no futebol local também chamam atenção, resgatando as histórias de vida do ex-atacante Mozart, do ex-goleiro Pintado, do ex-jogador e ex-técnico Dimas Filgueiras e do livro de memórias do dirigente esportivo Sílvio Carlos. Depois de passarem por amplas reformas no padrão FIFA para a Copa do Mundo, os dois principais estádios do futebol cearense, a Arena Castelão e o Presidente Vargas (PV), também ganharam livros especiais, em lançamentos da Fundação Demócrito Rocha. A passagem da Copa pelo solo cearense também motivou o lançamento de outros livros sobre a temática, como “Uma História das Copas do Mundo: Futebol e Sociedade”, volumes 1 e 2, de autoria de Airton de Farias (que no período lançou ainda livros sobre as histórias de Ceará, Fortaleza e Ferroviário). Airton Fontenele, notável pesquisador cearense de memória saudosa, também deu importantes contribuições nesse período, escrevendo obras sobre as campanhas da seleção brasileiras em Copas.
No campo literário, destaque para a poesia de “O raio do futebol”, de Sérgio Redes e Sérgio Pinheiro, as “Crônicas Corais” de Evandro Ferreira Gomes e o “Clássico-Rei da literatura”, box de duas obras com crônicas de Marcel Barros e Emmanuel Brandão. O próprio Clássico-Rei ganhou uma obra especial, lançada no início de 2020, pela celebração de seu centenário. A década 2011-2020 também ficará marcada pelo lançamento de “A verdadeira regra do impedimento”, livro de escrito por Karine Nascimento (fruto de sua pesquisa de conclusão de curso de graduação em jornalismo), que resgata histórias da época em que o futebol feminino era proibido no Brasil e relembra com destaque a retomada da disputa de torneio de futebol de mulheres no Ceará, na década de 1980.
Enfim… Boas opções não faltam. Os muitos “futebóis” que podem ser vividos, dentro e fora de campo, estão bem contados em todas essas obras. Para o deleite dos torcedores e apaixonados por futebol.