Ao comemorar, neste 7 de abril de 2013, seus 105 anos de existência, a Associação Brasileira de Imprensa reafirma seu compromisso de luta na defesa da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa, causas a que se devota sem desfalecimentos desde a sua criação no princípio do século passado pelo jornalista Gustavo de Lacerda e oito companheiros de diferentes Redações do Rio de Janeiro.
A partir de 1975, sob a vigorosa liderança de Prudente de Morais Neto no repúdio ao assassinado do jornalista Vladimir Herzog, morto sob torturas no Doi-Codi de São Paulo em 25 de outubro daquele ano, a ABI destacou-se na defesa dos direitos humanos e das vítimas da ditadura militar, ao lado da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB e da Ordem dos Advogados do Brasil-OAB, sem se intimidar nem se deter diante de ameaças e violências, como a explosão de uma bomba de alto teor explosivo em sua sede, em 19 de agosto de 1976.
Orgulha-se a ABI da contribuição que, ao longo de mais de um século, prestou à elevação dos padrões técnicos, culturais e éticos do jornalismo brasileiro, em coerência com o sonho de seus fundadores, que na primeira década dos anos 1900 sustentavam que a formação do jornalista deveria fazer-se em nível superior e que a atividade de imprensa deveria contar com proteção contra violências, comuns na época. Foi decisiva a participação da ABI, por inspirada atuação de Danton Jobim, seu Presidente por dois mandatos, no movimento pela criação da primeira escola de Jornalismo do ensino público superior, o curso da antiga Faculdade Nacional de Filosofia-FNFi, da Universidade do Brasil, atual UFRJ, e na instituição do piso salarial dos profissionais de imprensa.
Registra a ABI que nos últimos meses, com a instalação e atividade da Comissão Nacional da Verdade e a criação de Comissões da Verdade em inúmeros Estados, houve destacados avanços na luta pela revelação, em sua inteireza, dos crimes cometidos pelos agentes da ditadura militar e pela identificação dos seus autores, com nome, circunstâncias em que agiram e cargos ou, no caso de militares, patentes e graduações e comandos ou chefias que ocupavam. A ABI não considera legítima nem fundada nos fatos a decisão do Supremo Tribunal Federal que, por infeliz manifestação do então Ministro Eros Grau, pretendeu absolver esses criminosos. A ABI apóia o projeto de lei da Deputada Luiza Erundina (PSB-SP) que visa a levar ao banco dos réus esses delinqüentes.
Considera a ABI que é necessária a mobilização permanente e intensa da cidadania e da sociedade civil para libertar o País do manto de indignidade que ainda o recobre.
Rio de Janeiro, 7 de abril de 2013.
Maurício Azêdo, Presidente.