O jornalista Raúl Régulo Garza Quirino, do jornal La Última Palabra, foi morto a tiros no último dia 6, em seu carro, que estava sendo perseguido por um grupo de homens em outro veículo. De acordo com a polícia local, foram feitos mais de 16 disparos contra o repórter. O crime ocorreu na localidade de Cadereyta, em Nuevo León, no México.
A região, situada a 37 Km de Monterrey, abriga uma das maiores refinarias de petróleo do país, e é controlada por traficantes e contrabandistas do grupo Zeta. Mais de 38 trabalhadores da empresa nacional Petróleo Mexicanos (PEMEX) estão desaparecidos desde que os criminosos chegaram ao local, segundo o jornal Milenio.
A Associação dos Jornalistas de Nuevo León protestou contra o assassinato do jornalista e exigiu das autoridades “uma exaustiva investigação”. A ONG Repórteres Sem Fronteira(RSF) divulgou nota de repúdio ao crime:
“Esperamos que o número de jornalistas mexicanos mortos nos pultimos dez anos não alcance o total de 100, em 2012, ano eleitoral. O país deve evitar este sinistro quadro tomando as medidas necessárias para lutar contra a impunidade.”
Em 2011, dez jornalistas foram mortos no México, segundo relatório do International Press Institute(IPI), divulgado no último dia 5, em Viena, Áustria. A América Latina foi apontada como a região mais perigosa para o exercício do jornalismo, liderada pelo México.
De acordo com o IPI, 103 jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2011, o maior índice já registrado desde 2009, quando 110 jornalistas foram assassinados no exercício da profissão.
“Os números estão piorando: em 2001 foram mortos 55 jornalistas. Em 2002, 19 países constavam no ranking da violência, e em 2011, foram citados 40 países, diz o estudo que apontou o Iraque na segunda colocação com nove mortes, a maioria em ataques a bomba. Em Honduras, Paquistão e Iêmen foram registradas seis mortes cada; no Brasil e na Líbia, cinco em cada um.
Ainda de acordo com o IPI, no Norte da África e no Oriente Médio os crimes contra jornalistas ocorreram durante a cobertura das manifestações da chamada Primavera Árabe. Na África Subsaariana e no Paquistão, os assassinatos de repórteres teriam sido encomendados, em sua maioria.
O relatório do IPI demonstrou também o crescimento da violência contra jornalistas no Hemisfério Ocidental. A entidade exigiu dos governos respeito à liberdade de imprensa:
“Quase todos os jornalistas mortos em 2011 eram repórteres e cinegrafistas que cobriam conflitos, corrupção e outras atividades locais. Tragicamente, a probabilidade de os executores serem levados à justiça é praticamente nula. A impunidade estimula os assassinatos”, adverte o IPI.
Honduras
Enquanto em muitos países a violência contra a imprensa está relacionada ao tráfico de drogas e a episódios de guerra civil, em Honduras a corrupção policial estaria por trá da morte dos 17 profissionais de imprensa, desde 2010. O problema preocupa as autoridades. Em dezembro último, o governo hondurenho anunciou um projeto de cooperação técnica com as polícias de São Paulo e de Tóquio para instalar unidades de polícia pacificadora, a exemplo do Rio de Janeiro, explicou o embaixador do Brasil em Honduras, Zenik Krawctschuk.
No dia 14 de dezembro, jornalistas que participaram de uma manifestação nos arredores da Casa de Governo de Honduras, na capital Tegucigalpa, foram agredidos por policiais.
“O que dizem é que os assassinatos são uma mensagem para os jornalistas de Honduras, para que nos calemos diante das denúncias de corrupção envolvendo a polícia. Não há evidências concretas, os culpados não foram encontrados”, ressaltou o repórter Mario Cerna, do jornal El Heraldo, em entrevista publicada em O Dia.
*Com RSF, AFP (Áustria), Elfinanciero.com.mx, Knight Center for Journalism, O Dia.