11/04/2006
Maurício Azêdo |
O Presidente da ABI, Maurício Azêdo, diz que a Diretoria da Casa se sente muito confortada com a realização dessas duas iniciativas — a realização dos Cursos Livres de Jornalismo e o recital de Arthur Moreira Lima — uma voltada para o aperfeiçoamento profissional e outra para o campo cultural:
— Ao longo dos seus 98 anos de existência, a ABI sempre teve uma atuação fecunda nesses campos. Tal como João Guedes de Melo e seus contemporâneos, na segunda década do século XX, a instituição constituiu um forte núcleo de estímulo à criação artística e intelectual.
Maurício Azêdo ressaltou também que a arquitetura brasileira mereceu grande estímulo da entidade, que nos anos 30 organizou um concurso nacional de arquitetura para a escolha do projeto de construção de sua sede:
— Dois jovens arquitetos, os irmãos Marcelo e Milton Roberto, ganharam em 1936 esse concorrido certame que, sob a liderança dinâmica de Herbert Moses, resultou na construção de seu edifício-sede, que é um marco da arquitetura contemporânea brasileira, com precedência sobre o edifício do antigo Ministério da Educação, projetado em cima de um risco do famoso arquiteto francês Le Corbusier, e por uma equipe de jovens arquitetos brasileiros da qual faziam parte Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Jorge Machado Moreira, Ernani Vasconcelos e Carlos Leão, entre outros.
Henriette Morineau |
Criação cultural
A ABI teve uma a atuação destacada no incentivo à criação cultural no Rio de Janeiro e no País, por meio de iniciativas como os cursos de teatro ministrados por Henriette Morineau, grande atriz francesa que emigrara para o Brasil. A instituição alcançou tal projeção no campo da criação teatral que quando veio ao País, nos anos 50, o célebre ator francês Jean-Louis Barrault, diretor da Comédie Française, fez questão de encontrar-se com artistas de teatro brasileiros na sede da ABI.
Foi também na ABI que começaram as primeiras sessões da Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, que tinha então à frente o importante crítico cinematográfico Antonio Moniz Viana, do Correio da Manhã.
De acordo com Maurício Azêdo, Herbert Moses pedira aos irmãos Roberto que projetassem um auditório amplo que pudesse acolher manifestações teatrais e que também permitissem projeções cinematográficas:
— Moses conseguiu a colaboração da Embaixada da França e montou uma cabina de projeção equipada com um projetor Horston a carvão, de fabricação francesa, e que constituía então a última palavra em tecnologia de projeção de filmes.
Nesse auditório, que recebeu o nome de Oscar Guanabarino — importante crítico musical dos anos 30 a 50 — realizaram-se sessões cinematográficas para duas importantes comunidades, através de exibições do cinema judaico, do nascente Estado de Israel, e do cinema árabe.
O Presidente da ABI lembra também que nos anos 70 e 80 a instituição abrigou o Cineclube Macunaíma, que, criado e mantido por jornalistas, durante mais de uma década foi o principal cineclube do Rio.
Maurício ressalta que a entidade se orgulha de sua trajetória na formação e no aperfeiçoamento profissional e no campo cultural:
— E neste momento em que comemora os seus 98 anos, a instituição tem o empenho de ampliar sua iniciativa nessas áreas e legar às próximas gerações uma ABI atuante na defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos e na criação cultural e artística.