02/11/2024
A diretoria de Igualdade Étnico-Racial da Associação Brasileira de Imprensa apresenta a programação do Novembro Negro da ABI, dedicada à valorização das lutas e vivências da população negra no Brasil. Vamos celebrar marcos importantes e promover discussões sobre temas essenciais na luta contra o racismo e a desigualdade.
Entre os destaques está o Articulando Saberes, evento realizado pelo CEAP – Centro de Articulação de Populações Marginalizadas que, nesta edição promove uma palestra, no auditório da ABI, nesta quinta-feira, 7/11, às 19h, com o terma: A importância da Coleção Geral da África (HGA), com a participação do Prof. Dr. Augustin Holl – presidente do Comitê do X Volume do HGA, do Prof. Dr. Valter Silvério – UFSC e do Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos – UFRJ e Conselheiro Estratégico do CEAP.
A Associação Brasileira de Imprensa foi fundada há 116 anos, no dia 7 de abril de 1908 pelo jornalista negro catarinense, Gustavo de Lacerda, com o propósito de garantir direitos à classe jornalística. Na época, porém, alguns céticos viam Lacerda e seus colegas como um grupo de “malandros” liderados por um “anarquista perigoso”. Com a sua visão de uma imprensa livre e atuante Lacerda consolidou um espaço de defesa da democracia, da soberania nacional, dos direitos humanos, da liberdade de imprensa, de expressão.
Na terça-feira, 12/11, às 18h, no auditório da ABI, do livro Oralidade agora se escreve, sob a orientação da escritora Lia Vieira. O projeto reúne 25 mulheres negras que, antes limitadas à expressão oral, transformaram suas experiências em textos escritos, agora publicados em uma obra inédita e inspiradora.
Outro ponto alto será a mesa redonda Maternidade Negra, Justiça e Equidade, promovida pela ONG Mães Negras do Brasil, que acontece na quarta-feira, 13/11, na sala Belisário de Souza, às 18h. O encontro abordará temas sensíveis e fundamentais como violência sexual, racismo, violência obstétrica, parto e nascimento, além dos desafios das mães negras e de favelas no mercado de trabalho. Questões cruciais sobre os impactos das incursões policiais e suas consequências nas expectativas de vida dessas mulheres também serão discutidas, ampliando a compreensão dos desafios enfrentados por essa população.
De Santiago de Cuba para o Brasil: Pepe Kindelan, cantor cubano, recém chegado ao Brasil, acredita que os orixás o trouxeram ao Rio de Janeiro, para fazer a ponte entre os ritmos e cantos religiosos afro-caribenhos e afro-brasileiros. No dia 22 de novembro, a partir das 17h, a convite da diretoria de Igualdade Étnico-Racial, ele estará na sala Belisário de Souza, no 7 andar da ABI, numa roda de conversa para mostrar um pouco dos belíssimos cantos da santeria e de outras vertentes religiosas afro-cubanas. Simultaneamente estará lançando na ABI (ao vivo) e em todas plataformas de streaming a canção Yemanya (Iemanjá).
O encerramento do Novembro Negro da ABI, no sábado, 30/11, às 14h na sala Belisário de Souza contará com a parceria da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, organizada pelos professores Jairo Carioca e Ronald Lopes. A programação inclui o painel sobre A Descolonização da Espiritualidade: Resistência Religiosa e o Combate ao Fascismo no Brasil Contemporâneo, que, após uma semana de debates virtuais, traz reflexões sobre a descolonização espiritual e o papel da educação crítica na construção de novos horizontes de resistência e justiça social.
Octávio Costa, presidente da ABI, destaca a importância do Novembro Negro: “Esta programação reforça nosso compromisso com a igualdade racial, proporcionando um espaço onde as vozes e histórias da população negra são celebradas e respeitadas. A ABI tem o dever de promover o diálogo e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.”
Luiz Paulo Lima, diretor de Igualdade Étnico-Racial da ABI, comentou sobre a importância das atividades do Novembro Negro: “Este é um momento crucial para refletir e reafirmar nosso compromisso na luta contra o racismo. As atividades do Novembro Negro da ABI, especialmente o lançamento do livro Oralidade agora se escreve e as mesas de debate, permitem que as vozes das mulheres negras e das comunidades historicamente marginalizadas sejam ouvidas e respeitadas. Estamos, assim, criando espaços de reflexão e ação que fortalecem a luta por uma sociedade mais equânime e inclusiva, combatendo o racismo e promovendo a visibilidade das questões étnico-raciais”.
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma data importante para refletir sobre a história e a cultura afro-brasileira, além de combater o racismo e a desigualdade. Essa data marca o dia do falecimento de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo do período colonial brasileiro. Zumbi se tornou um símbolo de resistência contra a escravidão e uma referência da luta por liberdade e igualdade. O Dia Nacional da Consciência Negra foi instituído através da Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Essa lei reconhece a importância de Zumbi dos Palmares e de sua luta, e busca valorizar a cultura afro-brasileira.